O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) iniciou um importante estudo sobre a conexão entre a nutrição das plantas e a severidade da mancha marrom de alternaria em pomares de tangerina ponkan, situados na Região Serrana do Espírito Santo. O objetivo é que a correção nutricional possa servir como uma ferramenta adicional no controle desta doença, conforme apontam pesquisas anteriores realizadas em outras regiões do Brasil.
A mancha marrom de alternaria, causada pelo fungo Alternaria alternata, é uma das principais causas de queda na produtividade e na qualidade dos frutos, especialmente no município de Domingos Martins, o maior produtor capixaba da variedade. Frutos infectados na fase madura perdem seu valor comercial, e infecções severas podem resultar em desfolhamento, queda de frutos e danos à florada da safra seguinte.
Os pesquisadores e extensionistas do Incaper estão realizando coletas em cinco pomares da região. Amostras de folhas, frutos e solo estão sendo analisadas em laboratório. A intenção é correlacionar essas informações para identificar se deficiências ou excessos de nutrientes contribuem para o aumento da incidência da doença.
Interação com os agricultores
Tiago Monteiro, extensionista do Incaper em Pedra Azul, destaca a importância de uma abordagem participativa. “Dialogamos com os produtores para entender o manejo adotado e realizar as coletas nos pomares. Essa interação é fundamental para alinhar a pesquisa com a realidade rural e desenvolver soluções eficazes”, afirma.
A metodologia necessariamente inclui a coleta de folhas de diferentes partes da planta a uma altura de 1,5 metro. Parte das amostras será analisada para determinar o teor de nutrientes, enquanto outra parte será utilizada para avaliar a severidade da doença por meio de imagens de alta resolução. Os frutos também passarão por avaliação quanto às lesões, e o solo será coletado em duas profundidades para análise de fertilidade.
Desafios do manejo
Os produtores enfrentam não apenas os prejuízos diretos na produção, mas também o aumento dos custos de manejo, uma vez que o controle químico demanda pulverizações frequentes que nem sempre são eficazes. “Há relatos de falhas mesmo com fungicidas modernos, o que eleva os custos e pode causar impactos ambientais”, observa Tiago Monteiro.
A pesquisadora Girlaine Pereira Oliveira, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Incaper, enfatiza que a meta é entender como a nutrição das plantas influencia a severidade da doença. “Com esses dados, poderemos desenvolver estratégias mais sustentáveis para controlar a alternaria”, ressalta.
Se os resultados forem favoráveis, o estudo poderá ser expandido para outras áreas produtoras nos próximos anos, reforçando as recomendações técnicas para os citricultores. A proposta é promover um manejo integrado da doença, combinando práticas como adubação equilibrada, podas sanitárias e uso racional de defensivos, além da busca por alternativas sustentáveis e culturais.
Cuidados preventivos
Enquanto a pesquisa avança, o Incaper aconselha os produtores a manter cuidados preventivos para evitar a disseminação da doença nos pomares. O uso de mudas saudáveis, manejo adequado e monitoramento constante são medidas essenciais. Em caso de suspeitas, é recomendável procurar orientação técnica nos escritórios do Incaper.
Produção de tangerina no Espírito Santo
O Espírito Santo produziu 27.436 toneladas de tangerina em 2024, conforme dados do Boletim da Conjuntura Agropecuária Capixaba do Incaper. Em 2023, Domingos Martins liderou a produção com 14.837 toneladas, seguido de Conceição do Castelo, Marechal Floriano e Santa Leopoldina.






