Marcos Troyjo, especialista em relações internacionais, comentou que as tarifas implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderão ter um impacto negativo significativo na economia americana. Troyjo destacou que o governo está adotando um diagnóstico equivocado ao buscar soluções para a perda de competitividade da maior economia do mundo.
Desafios contemporâneos
Segundo ele, uma preocupação relevante é que cerca de 60% da população americana possui dificuldades com alfabetismo funcional. Além disso, o México está graduando mais engenheiros anualmente do que os Estados Unidos, refletindo uma responsabilidade que vai além das tarifas. “Eles estão olhando para o lugar errado, e acho que vão pagar um preço alto por isso”, acrescentou durante um fórum de investimento do Bradesco BBI.
Impactos da guerra comercial
Troyjo, que já ocupou cargos importantes no governo brasileiro e em organizações internacionais, argumentou que a guerra comercial iniciada por Trump em seu primeiro mandato não alcançou os resultados esperados. Ele observou que a globalização levou as economias a se tornarem mais interdependentes, o que torna as tarifas menos eficazes.
A importância do comércio exterior
O especialista ressaltou que, desde a Segunda Guerra Mundial, os milagres econômicos dos Estados Unidos estiveram relacionados a um comércio exterior vigoroso, que não comprometeu a economia do país. Ele lembrou que o desemprego nos EUA ficou abaixo de 5% em metade dos últimos 25 anos, evidenciando a resiliência da economia diante de uma integração global.
Mudanças nas estratégias de poder
Oliver Stunkel, professor de relações internacionais da FGV e participante do mesmo painel, chamou a atenção para a mudança de postura do governo Trump, que se afastou de um consenso bipartidário de que a globalização seria uma estratégia eficaz para enfrentar a ascensão da China. Stunkel defendeu que uma abordagem econômica mais colaborativa com a China seria mais benéfica, ao invés de tentar conter seu crescimento.
Relações estratégicas
Ele também observou que a presença militar americana teve como função garantir uma certa estabilidade global no passado, evitando conflitos, especialmente na Europa. Pouco a pouco, a preferência do governo Trump por negociar com líderes autoritários em vez de democráticos tem transformado a dinâmica geopolítica.
A nova equipe de Trump
Conforme Troyjo, o retorno de Trump à presidência trouxe consigo uma equipe disposta a implementar as políticas que não foram possíveis no primeiro mandato, refletindo uma mudança no cenário político e econômico dos Estados Unidos. A análise sugere que essa orientação poderá ter repercussões significativas tanto no comércio quanto nas relações internacionais.