7 de dezembro de 2025
domingo, 7 de dezembro de 2025

Quem vê Reforma Administrativa, não vê os trabalhadores

Entre as idas e vindas de Projetos de Leis, PECs, reformas e lutas coletivas da classe trabalhadora, uma que o Congresso vêm empurrando com a barriga é a Reforma Administrativa, muito pela mobilização de servidores docentes. Mas afinal o que é essa Reforma Administrativa?

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Resumindo, é uma reforma administrativa no serviço público, não só de docentes, mas impactará todos os servidores públicos, que já trabalham em estruturas precarizadas. A reforma poderá ser implementada através de uma PEC. De acordo com a matéria do O Globo, com o título “Relator finaliza proposta de reforma administrativa; veja os principais pontos”, a reforma “[…] modifica mais de 40 artigos da Constituição e mexe na espinha dorsal do serviço público. A expectativa é de que vá ao plenário em novembro”. 

É claro que desde que foi formado Grupo de Trabalho (GT) para essa reforma, os sindicatos, educadores e servidores públicos não ficaram calados. O Andes há tempos vem noticiando as ações dos docentes e explicando o que é essa Reforma Administrativa. Em um dos textos do Andes, com o título “Docentes intensificam mobilizações contra a Reforma Administrativa”, explicam cada precarização fantasiada de proposta:

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  1. Precarização generalizada
  2. Foco na quantidade, não na qualidade
  3. Estabilidade fragilizada, apadrinhamentos fortalecidos
  4. Mais arrocho nos salários, mas ataques às aposentadorias
  5. Prejuízos para todos, privilégios para poucos 

Outubro mal começou. A PEC da Bandidagem foi enterrada, a isenção do Imposto de Renda foi aprovado (historicamente) por unanimidade, além da aprovação da taxação dos super-ricos, mas logo teremos mais mobilizações. Seja contra a anistia, que já temos um bom histórico sobre anistia no Brasil e que nunca deu certo. Seja contra a Reforma Administrativa.

A área da Educação e da Saúde não tem paz, de tempos em tempos precisamos lutar contra algum ataque, seja precarização, arrocho salarial, é basicamente o mesmo de sempre, dizem que “o Brasil é o 7º país que mais gasta com servidor” (título de uma matéria do G1). 

Tem muito conteúdo na internet falando do gasto com o servidor, mas sabe o que esses conteúdos não vão falar? Que esse estudo foi feito por um tal de Instituto Millenium, que tem Paulo Guedes entre os fundadores, e que no mesmo ano da disseminação desse estudo (2020), outro estudo tinha sido realizado. “Não é verdade que o Brasil gasta mais com servidores públicos do que países desenvolvidos, segundo OCDE”, esse foi o título do Servir Brasil em 21 de dezembro de 2020, poucos meses depois da matéria do G1. Além do OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o “Ipea também mostra que o nível de gastos com salários [de servidores] se manteve praticamente estável ao redor de 10% do PIB nos últimos 11 anos”. E chega a ser ridículo como escolhem quais dados devem ser alarmantemente divulgados como o fim do mundo. 

Se fossemos ver pela média de gastos da OCDE, que foi de 24%, o Brasil fica em 32º, atrás de França, Reino Unido, Israel, Canadá e Portugal. Ainda existem dados comparando o gasto com o funcionalismo público medido em Purchasing Power Parity (PPP), ou em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), este último que foi o dado escolhido para dizer que o Brasil está em 7º lugar. 

O presidente, na época, do Servir Brasil – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, que era o deputado federal Professor Israel Batista, já tinha dito em 2020: “Não há transparência ou acesso a estudos que embasam a tese do governo, inclusive para a reforma administrativa. Apresentamos dados e fatos que contrapõem o excesso de gastos e na defesa de que as propostas estão sendo construídas para perseguir e precarizar o funcionalismo público”. 

E nem cheguei a falar da lógica de desempenho que querem colocar no serviço público, que já cansei de falar que desempenho é uma palavra bonita para romantizar a exploração da nossa força de trabalho, como se isso fosse aumentar nossos salários. O que aumenta é o lucro do burguês. No serviço público vai aumentar o quê? Nessa história que vem desde 2020, a reforma administrativa não encosta um dedo nos mais privilegiados do funcionalismo público, são menos de 0,3%, concentrados no Judiciário e em alguns setores militares. E querem mexer nos servidores públicos, sendo que 36% desses recebem entre dois e seis salários mínimos, o que aumenta a quantidade de servidores dependendo do estado e do município.

Com o pouco que temos de serviço público, há ainda chances de colocarem cargos temporários e os concursos públicos serem cada vez mais raros. Ganhamos uma batalha pela isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$5 mil reais, mas o arrocho vem por outro lado e não podemos achar que tudo voltou à normalidade.

Em tempos de “O Pior Congresso do Brasil” ou de “Congresso Inimigo do Povo”, uma coisa é certa, não aguentamos mais a exploração e as desculpas neoliberais de parlamentares que estão em Brasília para defender seus próprios interesses. Se quem vê reforma administrativa não vê a realidade dos trabalhadores que fazem parte do funcionalismo público, então que a “roupa suja” seja lavada nas ruas.

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Letícia Cristina
Letícia Cristina
Letícia Cristina é bibliotecária, empreendedora, costureira e amante dos cuidados capilares.

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