8 de dezembro de 2025
segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Já vivemos na Matrix?

O tema simulação sempre me interessou, não só pela influência do filme Matrix nesses assuntos, mas pelo debate em si. E foi assistindo, ou melhor, ouvindo o Hora Boa Podcast que surgiu uma reflexão, o episódio da vez era “Buracos Negros, Multiverso e a Consciência Digital”, uma das perguntas que surge nesse episódio é: será que a Matrix do nosso tempo, na verdade não passa de um colonialismo?

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Aqui já trago uma informação sobre as Big Techs, que a princípio, se você não estiver na bolha sobre notícias de tecnologia, ou até de colonialismo digital, talvez seja uma novidade para você. “A Guerra Digital”. Que guerra é essa? Resumindo muito, em uma frase, é uma batalha pela soberania na era digital. O debate sobre soberania está em alta, ainda mais com o tarifaço do Trump, mas nosso foco aqui vai ser sobre algoritmo e desinformação. 

Tem muito conteúdo sobre o assunto, ainda mais com recorte de classe, indico para os leitores o livro “Colonialismo digital: por uma crítica hacker-fanoniana” de Deivison Faustino e Walter Lippold. Mas se você quer entender as notícias sobre tecnologia, de Big Techs até Inteligência Artificial, indico o canal TeClas no YouTube, ou se quiser algo rápido, também tem um carrossel feito pela Intervozes com o tema “A Guerra Digital”. Estas indicações vão fazer parte dessa reflexão.

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Voltando a guerra digital, onde falar de notícia falsa, desinformação, vídeos feitos com IA que enganam ou aplicam golpes, discurso de ódio, fóruns e grupos no discord para organizar tentativas de crime, faz parecer que a internet é terra sem lei. O que de certo modo é e não é! No Brasil a regulamentação, principalmente do que se diz sobre Big Techs, está bem longe de acontecer. O Marco da Internet não é mais suficiente e barrar o Twitter no Brasil não resolve um problema que é crônico: A desinformação não é ruído – é estratégia. 

Pense nas redes sociais que você usa. No Brasil a primeira é o WhatsApp, depois pode vir Facebook, Instagram, Telegram, Discord, Twitter e outros. Quantas delas são nacionais? A resposta costuma ser NENHUMA. Isso não acontece só no Brasil e é proposital, afinal, essas empresas (Big Techs) lucram com anúncios nas suas plataformas/redes sociais. O que isso tem haver com o colonialismo?

Se na época do Brasil colônia os portugueses pegaram nosso ouro, recursos naturais e qualquer outra coisa que desse dinheiro, hoje são os nossos dados (que podem ser vendidos), as nossas visualizações e o nosso engajamento que enriquece os donos dessas Big Techs, ou seja, qualquer coisa que é nossa que possa dar dinheiro, até porque dificilmente você leu com atenção os Termos e Diretrizes das redes sociais que usa, não é mesmo?!

Não podemos pensar numa Matrix, se não analisarmos a realidade que nos cerca. E assim como no passado, de certo modo vivemos um colonialismo, mesmo que digital. Poderíamos falar de imperialismo, mas vai ficar para outro artigo. 

Me acompanha: se a Matrix do nosso tempo for esse colonialismo digital, os colonizadores não são máquinas, mas sim as Big Techs, que em vez de se auto sustentar com a energia do corpo humano (como no filme Matrix), se sustentam com o lucro dos nossos dados. 

Pode ter quem fale: ah, mas as redes sociais são legais. São mesmo? Sem regulamentação de fato vimos que: as redes sociais influenciaram em eleições no Brasil e no mundo, sendo a última o próprio Trump falando que se não fosse o Elon Musk, ele não teria ganhado. Já vimos crimes, como adolescentes entrarem em escolas e atirarem contra professoras e estudantes, porque faziam parte de um grupo no discord que disseminava discurso de ódio. Relato, crime, fato e prova de que a internet e as redes sociais são usadas para fins malignos e para lucro não faltam. Aliás, escancara a necessidade de sermos ouvidos, acolhidos e pertencentes a um grupo – leia-se “grupo saudável”. Só que não são grupos saudáveis que encontramos na maioria das vezes. 

Ainda sobre as Big Techs, há um lobby gigante no Brasil com apoio de personalidades da extrema-direita, e não escondem a aliança e o interesse, basta ver notícias como: “O que aprendi na oficina de IA que Google e Meta deram para extrema direita” publicado pelo Intercept Brasil; ou “PL se aproxima de ‘big techs’ para impulsionar conteúdos da direita” publicado pelo Poder360; ou até “Google, Meta e extrema direita: a aliança para 2026” publicado no Outras Palavras.  

Assim como na Matrix, há uma diferença entre a vida digital/simulada e a vida real, na realidade nossas vidas não são como os nossos feeds, as fotos alegres que postamos, ou que vemos outros postarem. Mas inconscientemente nos distraímos quando pegamos o celular para ver algo importante e esquecemos o que íamos ver, porque apareceu um vídeo de gatinho que chamou a nossa atenção. Esse eterno retorno ao celular, ou a nossa Matrix, vai de encontro com outra reflexão que já trouxe aqui de que “Somos robôs perfeitos”, nossa bateria nunca acaba e estamos constantemente conectados. 

Se estamos na Matrix, simulação ou não, acredito que o sentimento de Neo no filme é o mesmo sentimento dos dias atuais, desconexão, alienação, hipervigilância e uma espera de que algo grande vai acontecer. Nos resta encontrar nossas Zyon, em Matrix é uma cidade humana, mas para nós são os grupos saudáveis, buscar se organizar e crescer em coletividade e humanidade, livres de preconceitos e moralismos que, hoje, pautam as nossas vidas e a opressão capitalista. 

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Letícia Cristina
Letícia Cristina
Letícia Cristina é bibliotecária, empreendedora, costureira e amante dos cuidados capilares.

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