18 de setembro de 2025
quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Vive la Révolution! Viva a música!

Na próxima segunda-feira, dia 14 de julho, será celebrada na França a queda da Bastilha, um dos momentos mais emblemáticos da Revolução Francesa. Esse fato foi tão emblemático que muitos historiadores o utilizam como o marco do fim da Era Moderna e o início da Contemporânea.

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Apesar da controvérsia em torno dessa metodologia de divisão da história em eras com base em eventos significativos quase exclusivamente para os povos ocidentais, não se pode negar a importância da Revolução Francesa na história da humanidade. Por refletir transformações políticas, sociais e culturais daquele tempo, podemos sentir o seu impacto em várias áreas de nossas vidas, inclusive na música.

Os revolucionários franceses utilizaram a música como ferramenta de mobilização do povo e como forma de disseminação dos seus ideais. La Marseillaise, composta em 1792 por Claude Joseph Rouget de Lisle, é uma convocação à luta pela liberdade e tornou-se um dos símbolos da unidade do povo francês.

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Hino Nacional da França | La Marseillaise – “A Marselhesa” | [FR/PT-BR]

Sua força e importância foram tão grandes que, em 1795, La Marseillaise foi declarada o hino nacional da França. Além disso, estabeleceu um padrão de composição para os hinos nacionais escritos nos anos seguintes.

O teatro e a ópera também foram influenciados pelo movimento revolucionário. Compositores como Étienne-Nicolas Méhul e Luigi Cherubini, autores respectivamente de Le Chant du Départ e Lodoïska, passaram a incluir em suas obras temas revolucionários e exaltavam valores como igualdade e heroísmo.

Étienne-Nicolas Méhul – Le chant du départ (1794)

Muitos consideram que neste período houve uma democratização da música. A Revolução promoveu festivais cívicos com música ao ar livre, nos quais estiveram envolvidos grandes coros e orquestras com participação popular. Essa atitude contribuiu para deslocar a música dos salões aristocráticos e para as ruas.

As bandas militares surgem nesse período com o objetivo de animar cerimônias e batalhas. Esse fato contribuiu com o desenvolvimento de marchas e da música instrumental com temas patrióticos.

Surge um gênero de ópera conhecido como Ópera Rescue” (de resgate) que refletia os valores revolucionários por meio da celebração de heróis comuns e temas de libertação. Um exemplo de Ópera Rescue é Les Deux Journées de Luigi Cherubini.

1799 – Les deux journées – Cherubini

Outro gênero de ópera também é afetado com os processos de democratização da música. Trata-se da chamada Ópera Séria que vê o fim do seu domínio por ser considerada com a aristocracia, a ópera séria perdeu espaço para formas mais acessíveis, como a opéra-comique.

Em alguns aspectos a Revolução Francesa contribuiu com o advento do Romantismo na música. Por enfatizar temas como o heroísmo, os compositores passaram a explorar emoções intensas que refletia o clima dramático do período revolucionário. Os compositores passam a experimentar formações orquestrais maiores para eventos públicos em antecipação ás grandiosas orquestras do Romantismo.

O gigantismo e o fervor revolucionário influenciaram compositores como Hector Berlioz que incorporou essa temática em obras como Sinfonia Fantástica e Grande Messe des Morts.

Berlioz : Symphonie Fantastique (Philharmonique de Radio France / Myung-Whun Chung)

A Revolução Francesa ajudou a estabelecer a ideia de que a música não poderia se restringir aos palácios reais e salões aristocrático, mas ser acessível ao povo e servir a propósitos cívicos. Esses ideais influenciaram movimentos nacionalistas do século XIX e a relação entre arte e política.

Em outras palavras, a Revolução Francesa transformou a música em um veículo de propaganda, celebração coletiva e expressão de ideais democráticos. Isso serviu para pavimentar o caminho para novas formas expressão artística como o romantismo.

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Ulisses Mantovani
Ulisses Mantovani
Bacharel em Música da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), violeiro, compositor e Servidor Público Estadual

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