Enquanto o Brasil se prepara para a COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, que será realizada em Belém (PA), os objetivos de desenvolvimento sustentável, também definidos pelas Nações Unidas (ONU), a famigerada Agenda 2030, continua sendo um sonho bem distante.
Já não basta a destruição em Belém para receber a COP30, como a “Rota Amazônica”, que liga a Amazônia brasileira ao Pacífico, uma auto-estrada de 13 km no meio da Amazônia. Parece certo? Desmatar a floresta para construir uma auto-estrada tem tudo haver com meio ambiente? Nada é tão ruim que não possa piorar.
Se no final de 2024 víamos manchetes como “Alagamentos, destruição e 183 mortes: relembre a tragédia das chuvas no RS que marcou 2024”, em junho de 2025 vimos o presente repetir os erros do passado, que na verdade nem sequer foram resolvidos. “Cinco rios registram inundações no estado [RS]; na região Metropolitana, as águas do Guaíba devem subir no final de semana”, noticiado em 19 de junho de 2025 pelo Brasil de Fato. Será que mudou muita coisa?
A quem interessa as inundações no sul do país? A quem interessa construir uma auto-estrada no meio da Amazônia? A quem interessa a Agenda 2030 e a COP30?
Tudo isso dá algum retorno financeiro, não para o povo que vive nessas localidades, de Belém ao sul do país. Porém, o impacto ambiental é sentido primeiramente pelos que vivem em situação de vulnerabilidade e pobreza. Então para que serve a Agenda 2030 nesses casos? O impacto ambiental agrava as desigualdades sociais, deixando mais distante o 1º objetivo da Agenda 2030, que é a “Erradicação da pobreza”. Para que 17 objetivos, se nem o 1º é plausível?
Independente das estratégias, planos e planejamentos que o governo nacional e Nações Unidas façam, uma coisa é certa, Chico Mendes tinha razão: “Ecologia sem luta de classes é jardinagem!”
De que adianta líderes de vários países se reunirem para discutir as mudanças climáticas, se a estrutura continua servindo para alimentar o capital? Não passa de mera jardinagem. Vão continuar destruindo a Amazônia pra fazer auto-estrada, para dar espaço ao Agro e suas boiadas. Enquanto isso quem denuncia é perseguido e assassinado.
E aqui adiciono um dado importantíssimo. Uma pesquisa revelou que o Brasil é o 2º país mais perigoso para ambientalistas no mundo, a pesquisa foi divulgada em vários jornais em 2023, mas destaco o Jornal da USP e trago um recorte da matéria deles: “[…] para a proteção efetiva dos ambientalistas, algumas práticas de segurança deveriam ser implementadas, como trabalho policial efetivo para repressão desses crimes. Para isso, é essencial que exista um trabalho de proteção e conscientização, para que futuramente, seja também possível a construção e um fortalecimento da sociedade civil. […] a importância da delimitação de áreas indígenas com orçamento adequado para sua gestão e a presença do Estado com educação, saúde e fornecimento de saneamento básico”.
O Brasil e o mundo estão bem longe de proteger quem defende o meio ambiente, está longe de delimitar terras indígenas, de proporcionar educação, saúde e fornecimento de saneamento básico. Prova disso é que “No Pará, estado da COP30, 91% da população não tem coleta de esgoto, diz levantamento”.
A nossa mobilização como trabalhadores, que precisam sair de casa todos os dias para ganhar o sustento, é fundamental. Por isso te convido a conhecer a movimentação de diversos guardiões da floresta pela hashtag Clima Ácido, participe das discussões e compartilhe. Só a nossa união pode acabar com o balcão de negócios que virou a COP30.