Há vários estudos sobre autoestima, inclusive sobre como o mercado da beleza se utiliza da baixa autoestima das pessoas para lucrar mais. Mas aqui não vou trazer dados sobre o nosso consumo de produtos de beleza, ou porque nas lojas tem mais opções de roupas para mulheres do que para homens. Quero trazer uma reflexão que vi no perfil da Lena Barros, a frase que vai marcar essa reflexão é da Lena “a gente enxerga o corpo como um problema a ser corrigido”.
Quem nunca ouviu que a roupa não valorizou? Ou que essa cor não combinou com sua pele? Não preciso explicar como nós mulheres somos moldadas para usar roupa X ou Y, porque todas sabem bem o que é isso, mas nem todas sabem lidar.
Quando você lê “moda”, do que você lembra? Modelos super magras, desfiles, marcas caríssimas e algumas estilistas famosas? Por que lembramos do “ideal” feminino da moda? Aquelas modelos magrinhas, com aquele ar natural, mas com quilos de maquiagem e cobranças para essas mulheres sejam, ou melhor aparentem, perfeição.
Não é novidade para ninguém que existe um controle sobre o corpo feminino. Vai das roupas que usamos, se o cabelo está arrumado, se a calça não marca a barriga, se está depilada, se o comportamento é gentil e submisso, até a decisão sobre os nossos corpos. Ou seja, se você escolher não seguir um padrão vai ser considerada como disruptiva e subversiva, ou se escolher não continuar com uma gestação fruto de estupro vai ser uma desalmada.
Dizem que a culpa desse controle sobre nossos corpos é do sistema. Nunca gostei de usar a palavra “sistema”, há tanta gente por aí que se diz anti-sistema e só replica senso comum, que em vez de atacar o “sistema”, na verdade fortalece os preconceitos e as estruturas que nos oprimem. Prefiro usar a palavra “estrutura”. Então o que nos controla e molda nosso imaginário do que é beleza feminina, de como devemos ser como mulheres, é a estrutura capitalista patriarcal. No fim, essa estrutura é feita para que homens cishéteros brancos ocupem os espaços de poder e o centro do que é o bom, belo e correto. Então, se não somos esse “homem perfeito”, somos os rejeitados, os controlados e os oprimidos.
Se vamos falar de autoestima, de verdade, não para ser mercadoria, precisamos romper com a tentativa de disfarçar as “imperfeições” dos nossos corpos, romper com esse pensamento de tal “roupa valoriza você”. Afinal, disfarçar quem somos? Colocar valor nos nossos corpos? Não somos mercadorias. Se empoderar, ao meu ver, exige a aniquilação dos padrões de beleza dessa estrutura capitalista patriarcal.
Para além da nossa organização como classe trabalhadora, para romper com essa estrutura que inflama nossas vidas, sugiro um exercício: quando vestir uma roupa e pensar que não caiu bem, reflita se o que você vê como defeito é só mais um padrão que fomos ensinadas a seguir, e tente romper com esse estigma, se libertar desse molde que não cabe toda a sua beleza.
muito bom, adorei