Em 23 de maio de 1535 o português Vasco Fernandes Coutinho desembarcou na enseada da prainha, entre os atuais morros da Penha e Inhoá. Junto com ele estavam outros sessenta passageiros, dentre eles nobres e fidalgos. A partir deste instante deu-se início ao processo de colonização da capitania do Espírito Santo que envolveu, além da vinda de colonos, a chegada de músicos.
Ary Vasconcellos, em seu trabalho Raízes da música popular brasileira, chega a afirmar que a pedra fundamental da nossa música popular foi lançada em terras capixabas com a chegada do cantor e violeiro Francisco de Vacas entre 1549 e 1551. De lá para cá surgiram novos nomes, referências e influências que mexeram com a música em nossas terras.
Como aconteceu em todo o Brasil, o Espírito Santo recebeu pessoas de diversas origens que, ao se encontrar com os povos que já se encontravam aqui, forjaram uma cultura e uma musicalidade únicas. É o caso do Congo, conhecido por seus tambores e casacas às quais se juntam instrumentos ocidentais como a viola, a sanfona, a concertina, a percussão e metais. Esta formação é também encontrada em outras manifestações culturais e musicais do Ticumbi, do Rei de Boi, da Folia de Reis, do Bate Flecha, das Pastorinhas, dos Jongos e dos Caxambus.
Banda de Congo Amores da Lua – Música Gabiroba
Essa sonoridade, no entanto, não fica restrita a grupos tradicionais ou folclóricos. Durante a década de 1990, bandas e músicos de diversos estilos beberam dessa fonte como inspiração para suas obras. Dentre os mais conhecidos podemos citar as bandas Manimal e Casaca, que teve uma de suas músicas usadas para despertar o robô Spirit em solo marciano.
Outra contribuição importante do nosso Congo foi a música Madalena do Jucu que fez grande sucesso por meio de Martinho da Vila que transformou em samba uma melodia tradicional do nosso Congo.
Dentre os talentos femininos não podemos deixar de citar Nara Leão e Maysa. Nara, conhecida como a musa da Bossa Nova, viu esse estilo musical nascer em reuniões no apartamento da família em Copacabana. Participaram desses encontros nomes como Roberto Menescal, Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli.
Nara Leão – O Barquinho (Letra/Legendado) | _arnold RADIO
Maysa, por sua vez, é conhecida por suas interpretações de samba-canção, gênero musical caracterizado por uma melodia mais elaborada, andamento moderado e por ter sua temática em torno de temas como amor, solidão e a famosa dor-de-cotovelo. Durante os anos de 1960 participou de uma turnê que lançou a Bossa Nova no exterior.
Maysa – Ne me quitte pas traduzida
Não poderíamos finalizar este texto sobre a música do Espírito Santo sem abordar o seu maior nome, Roberto Carlos. Natural de Cachoeiro de Itapemirim, a famosa capital secreta do mundo, o Rei iniciou seus estudos musicais em sua cidade natal. Durante a década de 1950, muda-se para o Rio de Janeiro onde inicia sua carreira musical.
Em 1965, com a parceria de Erasmo Carlos e Wanderléa estreou o programa Jovem Guarda que era transmitido nas tardes de domingo pela TV Record. Desde então tornou-se uma das grandes referências musicais no Brasil, sendo regravado por nomes como Gal Costa, Maria Bethânia, Caetano Veloso dentre tantos outros. É o artista solo com mais álbuns vendidos na história da música popular brasileira.
Grandes sucessos de Roberto Carlos
O território do Espírito Santo pode não ser um dos mais extensos do Brasil, mas não se pode ignorar o tamanho de sua contribuição para a cultura do nosso país.