sexta-feira, 11 de abril de 2025

Autismo é amor: a luta diária de uma mãe atípica

“Meu nome é Cássio, tenho 13 anos, e eu amo ser autista.” Essa frase carrega a espontaneidade e a sinceridade de uma criança que mais do que aceitar, celebra sua identidade.

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Meu nome é Ludmilla, sou assistente social há quase 17 anos na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e mãe do Cássio, um garoto maravilhoso e autista, que tem apenas três anos, mas que já me ensina todos os dias o verdadeiro significado do amor e da resistência. Hoje, quero compartilhar com vocês um pouco da nossa jornada — uma jornada que, para nós, não é apenas atípica, é profundamente humana e cheia de desafios, mas também repleta de luz e cor.

Você sabia que 2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo? É uma data importante, sem dúvidas, mas para nós, famílias que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o autismo não é algo que se limita a um único dia. Ele é nossa realidade todos os dias, em cada sorriso, cada lágrima e cada luta que enfrentamos. Nós brincamos, nos esforçamos e resistimos. Resistimos contra preconceitos, desinformação e o descaso que nossa sociedade ainda insiste em perpetuar.

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É difícil aceitar que se faz necessário um dia para lembrar ao mundo que nós existimos, porque o resto do ano muitas vezes nos sentimos invisíveis. São 364 dias de esquecimento, negligência e preconceito que nos atingem com uma força dolorosa. Mas mesmo assim, resistimos, porque o autismo, para mim, é, acima de tudo, amor. Amor que desafia limitações, amor que nos ensina a ver o mundo com outras lentes, amor que escapa de qualquer definição simplista.

Quero mais do que um dia. Quero que o respeito e a inclusão sejam rotina. Quero que meu filho e todas as outras crianças autistas sejam enxergadas. Não desejo apenas cartazes, flores e balões em 2 de abril, embora eles tragam luz e alegria. Quero que essas demonstrações de respeito e carinho aconteçam todos os dias, pois é assim que nós, famílias atípicas, vivemos: com atenção, amor e dedicação o tempo inteiro. Mas isso não é tarefa só nossa — é uma responsabilidade coletiva.

Meu filho, Cássio, sempre me mostra que nossa vida não é um peso; ela é construída para ser forte, para resistir. Somos resilientes, porque precisamos ser. Ainda enfrentamos barreiras vindas da sociedade, do preconceito e até mesmo da negligência do estado, que insiste em virar as costas às nossas necessidades. E mesmo assim, escolhemos lutar — com amor, com esperança, e com a certeza de que podemos construir um mundo melhor.

Para nós, o autismo não é um obstáculo, mas uma forma única de enxergar o mundo. É um convite para conhecê-lo com cores mais vibrantes, sons mais intensos, e amor em todas as suas formas. Quero convidar você a se permitir conhecer mais sobre o autismo, não apenas em 2 de abril, mas sempre. Abrace a neurodiversidade, dance com os nossos sonhos e construa pontes ao invés de barreiras.

Meu pedido hoje é simples: vamos ampliar o azul do dia 2 de abril para todos os dias do ano. Vamos construir uma sociedade onde o respeito e a inclusão não sejam exceções, mas a regra. Porque no final das contas, o autismo é amor — puro e genuíno. E eu, como mãe atípica, posso dizer com toda certeza: quando você se abre a esse amor, sua vida se torna infinitamente mais bonita. Venha conhecer esse amor. Tenho certeza de que ele irá transformar você também.

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Ludimila Nunes Mantovani
Ludimila Nunes Mantovani
Mulher, mãe de três filhos, sendo um deles autista, Assistente Social da UFES

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