Chuvas, deslizamentos, enchentes e rompimentos de barragens provocam impactos severos, especialmente entre as populações mais vulneráveis. Para chamar a atenção para essa realidade, as Nações Unidas instituíram o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, celebrado em 13 de outubro. A campanha global deste ano adota o lema: “Financiar a resiliência, não os desastres.”
O tema é relevante social e economicamente. O Relatório de Avaliação Global sobre a Redução do Risco de Desastres de 2025 indica que os custos mundiais relacionados chegam a US$ 2,3 trilhões por ano. Por isso, o investimento em prevenção tornou-se o foco da campanha do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR).
“Países ricos e pobres enfrentam desastres cada vez mais intensos. Isso decorre, em parte, do aumento de eventos climáticos extremos, além de investimentos que desconsideram os riscos e ampliam a exposição e a vulnerabilidade de pessoas e bens”, afirma o chefe do Escritório Regional do UNDRR para as Américas e o Caribe, Nahuel Arenas.
Arenas ressalta que não existem desastres puramente naturais, já que são sempre consequência de decisões e ações humanas. Nesse contexto, a prevenção exige avaliação de riscos e aportes em infraestrutura resiliente. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS), especializado em infraestrutura, publicou recentemente um guia que compila ferramentas para planejamento com esse enfoque. O documento (disponível aqui, em inglês) reúne instrumentos técnicos para apoiar responsáveis por decisões em infraestrutura.
No Brasil, o UNOPS tem atuado em todas as esferas de governo com esse propósito. Em cooperação com o Governo Federal, por exemplo, o UNOPS apoia a Secretaria Nacional de Periferias do Ministério das Cidades na elaboração de Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRR). Esses planos, que contêm diagnósticos e recomendações técnicas sobre gestão da infraestrutura, vão auxiliar gestores de até 120 municípios a direcionar investimentos para prevenir enchentes e deslizamentos em áreas mais vulneráveis.
“Em um momento marcado por fenômenos climáticos mais frequentes e por desafios ao desenvolvimento, é essencial que a infraestrutura incorpore princípios que assegurem o uso responsável dos recursos naturais e a resiliência frente a eventos extremos”, defende o diretor e representante do UNOPS Brasil, Fernando Barbieri.
Reconstrução e reparação
Quando os desastres acontecem, surgem frentes dedicadas à reconstrução e à reparação. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o UNOPS está apoiando o Ministério da Saúde na aceleração das iniciativas de reconstrução da rede do SUS afetada pelas enchentes de maio de 2024. Ao todo, 101 obras em 33 municípios do estado estão sob monitoramento do organismo da ONU, que oferece consultoria especializada e orientação aos gestores locais.
Em Maceió, o UNOPS gerencia e opera o Programa Nosso Chão, Nossa História, direcionado à reparação de danos morais coletivos causados pelo afundamento do solo decorrente da mineração na capital alagoana. Esse desastre socioambiental forçou o deslocamento de cerca de 60 mil pessoas, que perderam não apenas residências e estabelecimentos comerciais, mas também referências afetivas, religiosas e culturais.
“Reconstrução e reparação vão além da restauração de infraestruturas. Envolvem também atenção às pessoas, às suas memórias, e a compreensão de como contribuir para reparar perdas e reconstruir respeitando suas histórias”, afirma Barbieri.
Para saber mais, visite a página do Programa Nosso Chão, Nossa História.








