5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Lula, nos EUA, corre risco de novas sanções de Trump

O governo dos Estados Unidos pode anunciar ainda nesta semana uma decisão sobre medidas adicionais contra o Brasil em consequência da condenação de Jair Bolsonaro pelo STF.

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O foco da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está nos Estados Unidos. O presidente chegou ao país no domingo (21) para proferir um discurso na abertura da 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).

Lula acompanhará de perto tanto o debate geral da ONU quanto os desdobramentos na Casa Branca. Na semana anterior, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que, provavelmente, haverá anúncio de medidas econômicas adicionais contra o Brasil em razão da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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O principal diplomata do governo de Donald Trump (Partido Republicano) endossa a narrativa de ilegalidade atribuída ao STF no processo contra Bolsonaro e concentra suas críticas no ministro Alexandre de Moraes, que já foi alvo de sanções por parte de Washington.

“Haverá uma resposta dos EUA a isso. Teremos alguns anúncios provavelmente na próxima semana sobre as medidas adicionais que pretendemos tomar. Mas o julgamento é apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial que tem tentado atingir empresas americanas e até mesmo pessoas que operam fora dos Estados Unidos”, afirmou Marco Rubio em entrevista à Fox News em 15 de setembro.

Rubio acompanhará Donald Trump em Nova York. Trump será o segundo chefe de Estado a discursar na Assembleia Geral da ONU, logo após o pronunciamento de Lula. Como determina a tradição, o Brasil abre os trabalhos e os Estados Unidos, país-sede da ONU, falam em seguida.

A estada de Lula e Trump na cidade, bem como a presença de Rubio e do chanceler Mauro Vieira, ocorre em meio a um dos períodos de maior tensão nas relações bilaterais, com ameaças de novas sanções norte-americanas ao Brasil. O país já figura entre os mais afetados pelo aumento de tarifas promovido por Trump, que aplicou taxas de até 50% sobre produtos brasileiros.

Mesmo assim, até o momento a Casa Branca e o Planalto não confirmaram encontros bilaterais nas margens da Assembleia da ONU. Trump disse a jornalistas na sexta-feira (19) que terá “diversos” encontros com líderes estrangeiros em Nova York, sem, porém, revelar nomes.

Rubio mencionou que terá reuniões com representantes de outras nações “para discutir interesses de segurança compartilhados, trazer paz aos conflitos e cooperação mútua”, sem especificar quais países estarão envolvidos. Por ora, não há reunião agendada entre o secretário de Estado e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O Itamaraty informa que não consta bilateral programada.

COMITIVA REDUZIDA

O presidente Lula viajou a Nova York acompanhado por uma comitiva reduzida, composta por seis ministros e dois governadores. Desta vez, nenhum parlamentar integrou o grupo, decisão influenciada pela escalada de tensão entre os governos de Donald Trump e o brasileiro.

Lula optou por levar menos políticos e assessores à viagem por receio de eventuais constrangimentos impostos pelas autoridades norte-americanas à delegação. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, já estava na cidade desde quarta-feira (17) e participou de eventos relacionados a pautas sociais como enviada especial para mulheres da COP30.

Integram a comitiva:

  • Ricardo Lewandowski: ministro da Justiça e da Segurança Pública;
  • Camilo Santana: ministro da Educação;
  • Márcia Lopes: ministra das Mulheres;
  • Sônia Guajajara: ministra dos Povos Indígenas;
  • Elmano de Freitas: governador do Ceará;
  • Celso Amorim: assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República.

Os ministros do Meio Ambiente, Marina Silva, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já estão presentes em Nova York. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), também se encontra na cidade. Barbalho e Marina participam de uma série de atividades da Semana do Clima em Nova York, assim como o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, e a diretora-executiva da conferência, Ana Toni.

Os presidentes do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, e do Banco da Amazônia, Luiz Claudio Lessa, igualmente viajaram aos Estados Unidos para participar de uma série de encontros com investidores.

Costuma-se convidar deputados e senadores para acompanharem a comitiva presidencial tanto como forma de prestígio quanto para viabilizar conversas mais aprofundadas.

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), também temeram que a participação na comitiva presidencial pudesse ser interpretada como um sinal de apoio ao governo petista. Havia também a preocupação de serem alvo de sanções previstas pela Lei Magnitsky.

Em 2024, o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acompanhou Lula a Nova York. O então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou à cidade alguns dias depois. Ambos acompanharam o discurso de Lula no plenário da ONU durante a abertura da Assembleia Geral, sentando-se ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva.

Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Saúde, Alexandre Padilha, optaram por não acompanhar o presidente. Haddad decidiu permanecer em Brasília para priorizar a agenda doméstica, em especial projetos econômicos em tramitação no Congresso, como a proposta que isenta do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5.000 mensais.

Padilha desistiu da viagem após os Estados Unidos concederem um visto com restrições à sua movimentação em Nova York. O visto permitia deslocamento apenas dentro de um perímetro de 5 km, que incluía o hotel, a sede da ONU e a representação permanente do Brasil. O ministro classificou a decisão como “arbitrária e autoritária” e afirmou que ela “afronta o direito internacional e prejudica a cooperação harmônica entre países soberanos”.

COMPROMISSOS DE LULA EM NOVA YORK

Lula terá compromissos centrados nas prioridades da política externa de seu governo durante a estadia em Nova York, que se estende até quinta-feira (25). A seguir, a agenda do presidente:

  • 2ª feira (22): participa da 2ª sessão da conferência de alto nível da ONU sobre a Palestina e defende a solução de dois Estados com Israel;
  • 3ª feira (23): faz o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU;
  • 3ª feira (23): reúne-se com o secretário-geral da ONU, António Guterres;
  • 4ª feira (24): encontra-se com o presidente do Chile, Gabriel Boric, e com o primeiro‑ministro da Espanha, Pedro Sánchez;
  • 4ª feira (24): preside a Cúpula Virtual sobre Ambição Climática;
  • 5ª feira (25): retorna ao Brasil.
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