Um estudo realizado por duas unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que o impacto da violência varia no Brasil conforme idade, sexo e cor da pele. Adolescentes, jovens adultos, mulheres, pretos e pardos enfrentam mais violência do que outros grupos sociais.
Os dados analisados incluem notificações médico-hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) e estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2022 e 2023. A pesquisa foi conduzida pela Agenda Jovem Fiocruz (AJF) e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).
Os números mostram que 65% das mortes entre jovens resultam de causas externas, como violências e acidentes. Em termos absolutos, isso representa 84.034 das 128.826 mortes notificadas nos anos analisados.
Faixas etárias mais afetadas
Pessoas entre 15 e 19 anos estão mais expostas à violência física em geral e tendem a ser vítimas em situações de conflito. Já na faixa de 20 a 24 anos, os jovens enfrentam maior risco de mortes violentas, com taxa de mortalidade de 390 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Os jovens sofrem principalmente com agressão física (47%), violência psicológica e moral (15,6%) e violência sexual (7,2%). Segundo o estudo, quanto mais velha a vítima, maior a proporção de violência psicológica, enquanto quanto mais jovem, maior a proporção de violência física.
Impacto por cor da pele
Quando considerada a cor da pele, jovens pretos e pardos representam 54,1% das notificações de violência no SUS. Jovens negros somam 73% dos óbitos por causas externas, totalizando 61.346 mortes.
Analisando raça e sexo, a mortalidade por causas externas entre jovens homens negros chega a 227,5 para cada 100 mil habitantes.
Violência contra mulheres
O estudo destaca que mulheres são as maiores vítimas de violência notificada no SUS em todos os estados e no Distrito Federal, especialmente meninas de 15 a 19 anos.
No DF e no Espírito Santo, há um caso de violência para cada grupo de 100 mulheres. Tiros por arma de fogo e cortes por objetos penetrantes são as principais causas de morte violenta entre jovens mulheres.
Jovens com deficiência representam 20,5% das notificações de violência. Segundo os dados, esses jovens tinham transtornos mentais, comportamentais ou deficiência intelectual.








