Nos últimos dez anos, o surgimento de agências de checagem transformou significativamente o jornalismo e a política no Brasil. Com o aumento da circulação de notícias pelas redes sociais e aplicativos de mensagens, a necessidade de verificar a autenticidade das informações tornou-se uma parte essencial do consumo de notícias.
O site Aos Fatos foi a primeira plataforma de checagem a ser lançada em julho de 2015, seguido pela Agência Lupa no mesmo ano. Subsequentemente, Uol Confere (2017) e Estadão Verifica (2018) se juntaram ao movimento. Essas agências são membros da Aliança Internacional de Checagem de Fatos (IFCN), refletindo a importância do processo de checagem de informações.
De acordo com as diretoras executivas de Aos Fatos, Tai Nalon, e da Agência Lupa, Natália Leal, o trabalho de checagem tem sido crucial. As redes sociais, que distribuíram informações sem mediação profissional, tornaram-se um terreno fértil para a desinformação. As práticas de checagem foram implementadas para invalidar afirmações enganosas, muitas vezes proferidas por políticos diretamente a seus eleitorados.
Um impacto significativo foi observado durante as últimas eleições, quando políticos passaram a verificar dados antes de divulgá-los publicamente. Isso reflete a influência que as agências de checagem ganharam no cenário político.
Década de Checagem
Completando uma década de atuação, a Aos Fatos realizou mais de 19 mil checagens. Entre elas, foram constatadas a veracidade de muitas declarações e desmentidos de boatos nas redes sociais. As principais questões abordadas envolveram desinformação política e temas de saúde, especialmente durante a pandemia de covid-19.
O governo de Jair Bolsonaro foi especialmente alvo de verificação, com a plataforma Aos Fatos revelando que o ex-presidente propagou numerosas afirmações falsas ou distorcidas. Essa prática realça a importância da checagem contínua para manter a integridade das informações consumidas pelo público.
Embora muitos avanços tenham sido alcançados no combate à desinformação, desafios persistem. Tai Nalon ressalta que a evolução digital das plataformas nem sempre resulta em moderadores eficientes para a desinformação em larga escala. Por isso, investimentos em tecnologia de checagem e moderação de conteúdo são fundamentais.
Adicionalmente, organizações de checagem são alvo frequente de campanhas de desinformação. Natália Leal argumenta que o trabalho de checagem é um exercício de jornalismo e defesa da liberdade de imprensa, não censura.
Reinvenção Futura
A Agência Lupa está planejando mudanças em seu site, com novos projetos em destaque, como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A diretora Natália Leal destaca a importância de atualizar estratégias para enfrentar novos desafios e alcançar novos públicos. Enfrentando uma crise de financiamento, as plataformas de checagem continuam a inovar, mantendo sua relevância no cenário jornalístico.
No Brasil, as principais agências de checagem estão se reinventando constantemente para reforçar sua conexão com o público e sustentar a qualidade de seu trabalho para os próximos anos.