Promover a diversidade e garantir o acesso ao serviço público federal são objetivos centrais do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), coordenado pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Este certame, que está em sua fase final, representa uma oportunidade significativa para centenas de aprovados, incluindo candidatos indígenas que assumirão pela primeira vez as carreiras indigenistas na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Reservas de vagas para povos indígenas
Com a reserva de vagas destinada a essa população, jovens originários, como Ykarunī Nawa, de 28 anos e da etnia nawa, poderão contribuir diretamente para a Funai, o órgão responsável por executar e monitorar políticas indigenistas que garantam os direitos e a autonomia dos povos indígenas no Brasil. Nawa, nascido em Mâncio Lima (AC) e oriundo da Aldeia Nova Recreio no Parque Nacional da Serra do Divisor, foi aprovado para o cargo de Especialista em Indigenismo (Comunicação Social).
Importância das cotas e da representação indígena
Nawa, que é beneficiário do sistema de cotas do governo federal e atualmente cursa doutorado no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta a relevância das cotas como uma reparação histórica. Ele afirma: “O sistema de cotas é extremamente relevante e importante para a reparação da nossa presença no serviço público brasileiro. Ele marca essa capacidade de que nós também podemos ser produtores da política pública.”
Motivação para ingressar na Funai
A escolha pela Funai para Nawa foi influenciada pelo desejo de participar da construção da política indigenista do país. Ele acredita que a formulação das políticas deve incluir a voz dos próprios indígenas, enfatizando que o órgão é o espaço adequado para exercer essa função. Espera contribuir com uma comunicação que reflita as vivências dos povos originários.
Contribuições para a defesa dos povos indígenas
Outro exemplo inspirador é Wany Tuxá, de 27 anos, aprovada no cargo de Técnico em Indigenismo da Funai. Com otimismo, Wany vê a entrada de novos servidores indígenas como uma forma de fortalecer a relação entre o órgão e os povos indígenas. Ela expressa sua emoção ao ser aprovada, reconhecendo a oportunidade de apoiar sua família e seu povo, originários da Aldeia Mãe do povo Tuxá, na Bahia.
Acesso à educação e histórico familiar
Assim como Nawa, Wany também teve sua trajetória marcada pelas cotas. Ela se formou na Universidade Federal da Bahia, onde conseguiu acesso por meio das cotas para indígenas aldeados e do programa de Bolsa Permanência. A proximidade com a luta de seu povo e a história de sua família, composta por lideranças que já trabalharam na Funai, fortaleceram seu compromisso com a causa indígena.
Resultados e perspectivas do CPNU
A ministra Esther Dweck comentou sobre a importância da diversidade e democratização que o CPNU promoveu. Dos inscritos, indígenas representaram 0,46%, enquanto 2,29% dos aprovados eram indígenas. Ela expressou satisfação pelo preenchimento das vagas específicas para cotas, reafirmando a relevância das ações afirmativas.
Carreiras indigenistas no serviço público
O CPNU se destacou ao reservar 30% das vagas para povos indígenas, de acordo com o Decreto n° 11.839/2023. O concurso também instituiu novas carreiras: Especialista e Técnico em Indigenismo, conforme a Medida Provisória n° 1.203/2023, permitindo uma inclusão significativa e necessária na estrutura do serviço público federal, especialmente na Funai.