8 de julho de 2025
terça-feira, 8 de julho de 2025

Brasil lidera consumo de agrotóxicos, com impactos graves à saúde e ao meio ambiente

O Brasil mantém, desde 2008, o título de maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com um cenário que se agravou a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), quando houve uma liberação massiva de novos produtos e a desregulamentação de normas relacionadas ao uso dessas substâncias. Apesar das promessas do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de banir agrotóxicos proibidos em outros países, o avanço de políticas para reduzir o uso desses químicos enfrenta resistência do Ministério da Agricultura e do lobby do agronegócio, dificultando a implementação de iniciativas como o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara).

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Karen Friedrich, pesquisadora da Fiocruz e especialista em saúde ambiental, explica que os agrotóxicos são substâncias desenvolvidas para matar, muitas delas associadas a problemas de saúde como câncer, infertilidade e malformações fetais. “São moléculas que foram criadas inicialmente como armas químicas de guerra e, após a Segunda Guerra Mundial, foram adaptadas para a agricultura”, afirma. No Brasil, o uso desses produtos foi incentivado durante a ditadura militar, com a instalação de fábricas e políticas de desenvolvimento do agronegócio.

Hoje, o país não só consome agrotóxicos em grande volume, mas também utiliza produtos já banidos em outras nações, como a atrazina e o acefato, que causam danos neurológicos e ambientais. Friedrich destaca que 70% dos agrotóxicos usados no Brasil são reconhecidamente cancerígenos ou causam problemas hormonais e reprodutivos. Além disso, a mistura de diferentes agrotóxicos nos alimentos, conhecida como “coquetel químico”, potencializa os riscos à saúde.

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O uso indiscriminado de agrotóxicos também tem impactado comunidades rurais e tradicionais. Relatórios da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostram um aumento significativo de ataques com pulverização de veneno em áreas de conflito, muitas vezes utilizando drones. Esses ataques, além de contaminar rios e plantações, têm causado problemas de saúde como enjoos, dificuldades respiratórias e câncer entre os trabalhadores rurais.

Apesar dos desafios, Friedrich defende a transição para modelos de produção agroecológicos, que dispensam o uso de agrotóxicos e promovem a segurança alimentar. “O Pronara não é uma revolução, mas um programa que organiza medidas para reduzir os impactos nocivos dessas substâncias”, explica. No entanto, a implementação do programa enfrenta resistência do agronegócio, que teme perder espaço para práticas mais sustentáveis.

Enquanto isso, estudos como o do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) revelam que até alimentos ultraprocessados contêm resíduos de agrotóxicos, incluindo o glifosato, classificado como provável carcinógeno pela Organização Mundial da Saúde. A presença dessas substâncias em produtos destinados ao público infantil é especialmente preocupante, alertam especialistas.

O cenário atual exige urgentemente políticas públicas que priorizem a saúde da população e a preservação do meio ambiente, reduzindo a dependência de agrotóxicos e incentivando práticas agrícolas mais sustentáveis.

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