A meritocracia é um conto encantador que nos promete mundos e fundos, mas no fundo, só nos faz dar voltas em círculos. A ideia de “trabalhe enquanto eles dormem” é um mantra mentiroso sobre dedicação e sucesso. Um lembrete sombrio de como a classe trabalhadora está presa em um ciclo de exploração, para o enriquecimento da burguesia.
Acreditar que se trabalharmos duro o suficiente, acordar cedo, trabalhar enquanto eles dormem, um dia acordaremos ricos e poderosos é um sonho de fantasia, onde só faltam elfos e duendes. Essa narrativa, frequentemente, desenha uma ilusão que mascara as desigualdades profundas do sistema capitalista neoliberal. A verdade é que a meritocracia funciona mais como uma cortina de fumaça que esconde as engrenagens enferrujadas de um sistema que perpetua a desigualdade social, econômica e racial. Não se engane, não é ofertado oportunidades iguais para todos.
E neste ciclo de “trabalhar enquanto eles dormem” revela-se como a sociedade valoriza mais o lucro do que o bem-estar humano. Quem lucra enquanto você desmarca compromissos com a família para atender uma demanda de trabalho, ou para fazer horas extras? São aqueles no topo da pirâmide que se beneficiam do seu esforço. Para muitos, esse mantra virou um sinônimo de sobrevivência ou até de alienação ao próprio sofrimento, não de sucesso. Trabalham porque precisam, em jornadas extenuantes que esgotam não só o físico, mas também a saúde mental.
Quando entendemos do que se trata a luta de classes, esse “trabalhar enquanto eles dormem” não se trata de esforço recompensado, mas de exploração sem fim. Enquanto você se sacrifica, o capital avança, sustentado por promessas falsas, esperanças vazias, as nossas custas e da pouca natureza que resta no planeta.
Não vai ser no capitalismo que o nosso trabalho será reconhecido e valorizado, nesse formato somos apenas engrenagens descartáveis. Para mudar essa realidade é preciso muita luta coletiva, consciência de classe e organização da classe trabalhadora.
Por fim, a próxima vez que ouvir alguém dizer para “trabalhar enquanto eles dormem”, lembre-se: talvez a verdadeira riqueza não esteja em um saldo bancário inchado, mas sim em uma sociedade que se preocupa genuinamente com todos, oferecendo dignidade e equidade de oportunidades para todos. E, quem sabe, em um futuro que superarmos o capitalismo e tomarmos os meios de produção, possamos finalmente descansar e trabalhar juntos por um mundo melhor.