quinta-feira, 21 de novembro de 2024

É Carnaval!

Para o povo brasileiro não há uma data tão especial quanto o Carnaval. Mesmo sem ser um feriado oficial, não há um período em que o país fique tanto tempo parado quando no carnaval. A importância dessa data é tanta para a dinâmica da nossa vida que para muitos o ano só começa após o reinado de Momo.

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É inquestionável também a importância do Carnaval para a nossa música. São inúmeros os exemplos de músicas compostas para essa data e cantadas por muitos durante anos. No entanto, não é só nas rádios e nas playlists das distribuidoras digitais que percebemos a influência. Na música de concerto também é possível se perceber a influência das festividades momescas.

Uma das obras mais conhecidas é do compositor alemão Carnaval, op. 9, de Robert Schumann. Escrita entre 1834 e 1835, a obra tem como subtítulo “Pequenas cenas em quatro notas” e é composta por vinte e uma cenas escritas em que são empregadas uma ou ambas as séries de notas abaixo.

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  • Lá, Mi bemol, Dó, Si, que são escritas como A-Es-C-H em alemão
  • Lá bemol, Dó, Si: As-C-H em alemão.

Em sua obra, Schumann apresenta o Carnaval como um baile de máscaras, com personagens reais e fictícios. Os personagens reais são Ernestine (Estrella), Clara Wieck, sua futura esposa (Chiarina), Chopin e Paganini. O próprio Schumann representou-se por meio de seus alter egos Eusebius e Florestan. Os fictícios são figuras da Commedia dell’Arte, como Pierrot, Arlequin, Pantalon e Columbine.

Alguns anos após escrever Carnaval, Schumann disse ao pianista Moscheles, que ele tinha mais interesse em explorar os estados de alma despertados pela música do que estabelecer associações entre os diversos personagens.

Schumann  – Carnaval Op. 9 – Claudio Arrau, piano (1961)

“O Carnaval dos animais”, escrita pelo compositor e organista francês Camille Saint-Saëns, tem uma história curiosa. Composta em 1886, como uma brincadeira para divertir seus amigos na época do Carnaval, a obra só foi apresentada duas vezes. Logo em seguida a sua execução foi proibida pelo próprio autor. Saint-Saëns pensava que sua imagem poderia ser prejudicada pela divulgação de uma obra leve e frívola como “O Carnaval dos animais”.

Como essa proibição só era válida enquanto Saint-Saëns estivesse vivo, um ano após sua morte, em 1922, “O Carnaval dos Animais” teve sua estreia pública e passou a ser uma de suas obras mais populares.

Carnaval des animaux, Argerich,Kremer,Sakai,Horigome,Kawamoto,Dirvanauskaite,hurl,Sévère

 

A obra “O Carnaval Romano” do francês Hector Berlioz é parte de uma ópera dedicada ao célebre escultor e ourives Benvenuto Cellini. Em sua estreia, em 1838, a ópera não contava com “O Carnaval Romano”, escrita em 1844 para ser o prelúdio do segundo ato da ópera em homenagem ao renascentista italiano. A sua estreia como prelúdio, no entanto, foi um sucesso tão grande que até hoje é executada como peça independente.

A obra se desenvolve a partir de dois temas. O primeiro tema foi escrito a partir do Saltarello, dançado no segundo ato da ópera. O segundo, por sua vez, é retirado de uma canção do primeiro ato, “Teresa, eu te amo”. A melodia, cantada por um tenor, é entoada na abertura por um corne inglês.

Hector Berlioz – Le carnaval romain | Jukka-Pekka Saraste | WDR Sinfonieorchester

 

Apesar de não serem adequadas para animar os blocos que circulam pelas ruas do Brasil nessa época, essas obras são testemunhas da importância do Carnaval para a vida e a cultura em muitos países. Nada, porém, supera o Carnaval brasileiro.

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Ulisses Mantovani
Ulisses Mantovani
Bacharel em Música da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Servidor Público Estadual

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