quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Segunda fase eleitoral

Foi dada a largada. A corrida eleitoral começou e assim se inicia a segunda fase da difícil experiência feminina na política: a de muitas decepções.

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A primeira fase foi a do Encantamento, da novidade e do romantismo de estar em um espaço desconhecido e desejado pelas mulheres.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Mulheres no Poder em 2020, foram identificados 40 motivos que desestimulavam as mulheres a atuarem na política. O mais forte deles foi justamente a decepção. Isso ocorre porque o que era tratado com muita euforia e entusiasmo na primeira fase, na maioria das vezes, não era cumprido. Além disso, há o convite que chega faltando apenas três meses para a eleição, o fato de 90% das candidatas não terem nenhuma experiência política e as dificuldades para convencerem as famílias a ajudar. Sair de casa para fazer campanha, deixando suas duas ou três jornadas de trabalho a cargo de amigos, ou familiares, também pesa.

Esses e outros motivos tornam essas mulheres, para mim, verdadeiras heroínas por aceitarem esse desafio. No entanto, o esforço tem sido em vão, pois os números não aumentam no percentual de mulheres eleitas.

O sentimento passa da empolgação, pela novidade da visibilidade, lançamento de candidatura, material de propaganda e ansiedade pela campanha, para a dura realidade da decepção. As próximas fases serão de revolta, caso não consigam suprir as necessidades de estrutura para pedir votos. E quase sempre isso acontece: falta apoio financeiro dos partidos, quase sempre.

A quarta e última fase é a repulsa pela política. Nessa, elas não querem mais saber de campanha política. Dizem com todas as letras que suas experiências em nada contribuíram para o aumento de mulheres eleitas, apenas para manter a atual conjuntura.

Se as campanhas continuarem assim, sem mudanças, não teremos êxito. Nosso maior objetivo com o Projeto Elas no Poder é que as mulheres tenham, nesta campanha, uma experiência positiva, como base para a próxima eleição.

Queremos aumentar a votação, superando as expectativas que os partidos depositaram nelas, e permitir que se aproximem mais da eleição ou da suplência, ganhando musculatura e poder político.

Sugiro que elas conversem com os partidos que as convidaram para se candidatarem. Chamem também as candidatas que queiram trabalhar para obter votos (algumas sabem que entraram apenas para compor a chapa) e acertem os pontos com os partidos. Só valerá a pena a candidatura se os partidos cumprirem o que prometeram ao convidá-las.

Inclusive, sugerimos que elas possam optar por sair das candidaturas caso as expectativas mínimas de suporte não sejam atendidas. Isso porque, antes do convite, elas não tinham como saber o passo a passo da candidatura até a eleição. Mas quem convidou sabia, sabe e continuará sabendo. No entanto, é necessário investir na formação de seus quadros durante os quatro anos de mandato.

A decepção está diretamente ligada a expectativas criadas e não atendidas. Que nesta eleição vejamos mudanças que permitam às mulheres se apresentarem com o mínimo de igualdade de condições nesse cenário chamado política eleitoral

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Flávia Cysne
Flávia Cysne
Flávia Cysne, é administradora de empresas com pós-graduação em Marketing. Foi prefeita de Mimoso do Sul em dois mandatos. Fundou o Instituto Mulheres no Poder, que hoje atua em 35 municípios do Espírito Santo e 8 estados brasileiros.

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