Antes da chegada dos europeus ao Brasil com seus molhos, massas, carnes e risotos, estima-se que cerca de 3,5 milhões de indígenas já habitavam o território, com uma cultura alimentar baseada em ingredientes da floresta, como a mandioca, o milho e outras raízes, folhas e frutos.
Nicole Allgranti, cineasta e curadora do Fiup – Festival Indígena União dos Povos, registrou essa cultura ancestral em seu documentário “Comida Ancestral – Food from the Origins”, que levou cinco anos para ser produzido. Allgranti visitou diversas aldeias em todo o país, documentando o preparo de dezenas de pratos da culinária indígena, como a caiçuma de banana com milho do povo noke koi e o pão de milho com macaxeira do povo nukini, ambos no Acre, além do caldo de pequi com beiju derretido e castanhas preparado por Anna Terra e Watatakalu Yawalapiti, do Território do Xingu.
O objetivo do filme é mostrar a importância da floresta em pé para a saúde dos povos indígenas e fomentar o turismo espiritual e gastronômico nas aldeias. O filme também aborda as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas para manter suas tradições, como as invasões frequentes em seus territórios, que prejudicam a disponibilidade de alimentos na natureza e os obrigam a incorporar alimentos e costumes do homem branco.
“Comida Ancestral” é o primeiro longa de uma trilogia dedicada à gastronomia étnica, cujas produções futuras devem retratar as culinárias judaicas e afro-brasileira. Allgranti busca investidores para viabilizar a distribuição e a exibição do primeiro filme. A equipe de produção é formada por indigenistas e idealizadoras do Fiup, Erica Rosendo, Xinã Yawanawa, Nea Varinawa e Mariana Ribeiro, além da documentarista Maria Luiza Aboim, que assina a produção executiva do documentário.