O novo satélite Swot decolou nesta sexta-feira (16) na Califórnia, nos Estados Unidos, marcando o início de uma missão que permitirá observar os movimentos da água na Terra com uma precisão sem precedentes, especialmente para prever secas e enchentes em todo o mundo.
O satélite representa “uma revolução no campo da hidrologia”, segundo Selma Cherchali, do Centro Nacional Francês de Estudos Espaciais (CNES).
As observações serão “dez vezes mais precisas do que as feitas pela tecnologia atual”, destacou.
A decolagem ocorreu às 11h46 GMT (08h46 no horário de Brasília) da base americana em Vandenberg, com o satélite a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX.
Swot (Surface Water and Ocean Topography) inicia sua missão científica após seis meses de testes e calibração. Os dados coletados estarão disponíveis online e serão acessíveis a todos.
O novo satélite, que atingirá uma altitude de 890 quilômetros, permitirá a observação ao vivo do ciclo da água —lagos, rios e oceanos— em escala global.
Registrará ainda as trocas entre os imensos reservatórios que são os oceanos e a água que flui na Terra, através da atmosfera.
Enquanto apenas alguns milhares de lagos podiam ser observados do espaço até agora, o Swot poderá ver milhões desses reservatórios, a apenas 250 metros de distância.
O satélite também poderá observar quase todos os rios com mais de cem metros de largura, bem como o volume de água que passa por eles.
Nos oceanos, será possível detectar correntes e redemoinhos até então invisíveis. Nas costas, observar as mudanças causadas pelo aumento das águas.
Do ponto de vista científico, o Swot deve ajudar a entender melhor as mudanças climáticas.
“Sabemos que, com as mudanças climáticas, o ciclo da água está se acelerando”, disse o cientista da Nasa Benjamin Hamlington.
“Isso significa que alguns lugares têm muita água e outros não o suficiente. Vemos mais secas ou inundações extremas. (…) Portanto, é importante entender exatamente o que está acontecendo.”
Do ponto de vista prático, os dados recolhidos permitirão às comunidades locais se preparar melhor para esses eventos e outros, como a erosão costeira.
A missão deve durar inicialmente três anos e meio, mas é bem possível que se estenda até cinco anos ou até “muitos mais anos”, segundo Thierry Lafon, chefe do projeto Swot do CNES.