Big Four?
Todo esporte é feito de ídolos. Pelé e Maradona, no futebol, Michael Jordan e LeBron James no basquete, Carl Lewis e Usain Bolt no atletismo, Michael Phelps na natação, e por aí vai.
No tênis não é diferente. Grandes nomes marcaram o esporte, como Rod Laver, Guillermo Villas, Bjorn Borg, John McEnroe, Jimi Connors, Ivan Lendl, André Agassi e Pete Sampras.
Mas nas últimas décadas aconteceu um fenômeno raro: o surgimento do Big Four, Roger Federer (Suíça), Rafael Nadal (Espanha), Andy Murray (Grã Bretanha) e Novak Djokovic (Sérvia). Jogadores que, além da técnica e do preparo físico, foram os grandes vencedores dos maiores torneios do planeta.
Só entre os Grand Slams, os quatro torneios mais importantes do tênis, o Big Four venceu dezoito dos últimos vinte Australian Open, dezessete dos últimos dezoito Roland Garros, os últimos dezenove títulos em Wimbledon e treze dos últimos dezenove US Open. É um domínio assustador.
Nesse percurso vencedor, entretanto, o tênis cobrou um alto preço. Sendo um esporte de alta performance, não foram raras as desistências de Djokovic (principalmente nos primeiros anos de carreira), as contusões de Nadal, e a pior de todas elas, a necessidade de cirurgia do quadril de Murray em 2019.
O mesmo tipo de problema que já tinha afastado das quadras o maior tenista brasileiro, Gustavo Kuerten. Murray se recuperou, voltou ao circuito, mas jamais conseguiu repetir a performance pré-cirurgia. Assim, o Big Four passou a ser o Big Three.
No período da pandemia, como era de se esperar, o tênis também sofreu paralisação, com algumas exceções irresponsáveis aqui e ali. No retorno dos torneios, as contusões fizeram mais uma vítima: Federer, que teve de tratar do joelho direito.
Depois de duas cirurgias em 2020 e uma terceira em 2021, o suíço, já com seus quarenta anos, acabou não voltando ao circuito e marcou sua despedida do tênis na edição de 2022 da Laver Cup, torneio em que se confrontam uma equipe da Europa e outra com tenistas do resto do mundo. Federer, para muitos (inclusive jogadores) foi o melhor tenista de todos os tempos, despedia-se das quadras.
O Big Three passou a ser o Big Two.
O começo da temporada de 2023 prometia confrontos memoráveis entre Nadal e Djokovic, ainda mais no Australian Open, vencido em 2022 por Nadal (com ausência de Djokovic pelo não cumprimento do protocolo da Covid-19) e agora com a concorrência do sérvio. Mas, com a derrota de Nadal na segunda rodada para o 65º do ranking Mackenzie McDonald, por causa de uma contusão na coxa esquerda, o primeiro confronto do Big Two foi adiado.
É claro que ainda é cedo para afirmar como será o restante da temporada, ainda mais com a proximidade do torneio de Roland Garros, amplamente dominado pelo espanhol (venceu catorze das últimas dezoito edições). A expectativa é de que o retorno de Nadal mantenha viva a rivalidade com Djokovic, numa disputa inédita pelo recorde de títulos de Grand Slams, já que ambos estão empatados com 22 troféus.
Duas questões permanecem abertas. A primeira é: conseguirá Nadal se manter saudável para preservar o Big Two? E a segunda: alguém da nova geração conseguirá fazer frente aos dois remanescentes do Big Four?
A resposta para essas perguntas só saberemos com o tempo, mas arrisco dizer que há competidores com chances de incomodar Nadal e Djokovic. Pelo que se viu no circuito nos últimos dois anos, Carlos Alcaraz, Holger Rune e Jannik Sinner são bons candidatos a desafiar o predomínio do Big Two. Algo a se conferir.