5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O que o cidadão não vê

Quando uma viatura passa, o olhar de muitos se divide entre respeito e confiança. A imagem representa o que chamamos de sensação de segurança, o objetivo final do serviço policial militar. Poucos param para imaginar o que existe por trás daquela farda: o medo contido, o receio, o peso da responsabilidade e o desejo de voltar para casa inteiro ao fim do turno.

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No início do serviço, é habitual conferirmos os equipamentos pessoais e coletivos, como armas, coletes, capacetes, escudos e viaturas. Pois é, a viatura, diferente do que o cidadão comum pensa,  não chega pronta para o serviço. Cabe a cada motorista policial verificar o nível da água, do óleo, o combustível e manter a viatura limpa, como se fosse seu próprio carro. E, por motivos óbvios, ela precisa estar em condições ideais, já que é submetida a uso constante e intenso, seja pela continuidade, seja pela velocidade. Assim começa mais um dia comum.

Mas nenhum dia é igual ao outro. Cabe ao policial, entre as abordagens realizadas para evitar crimes, ser referência, estimular a legalidade e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio entre firmeza e humanidade. Afinal, o trabalho policial é feito com profunda ciência social. É necessário tato para lidar com a mãe que foi vítima de um filho agressivo querendo dinheiro para alimentar vícios, ou com o assassino mais cruel. As decisões do policial podem mudar o rumo de vidas a todo momento.

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Há dias em que o rádio silencia, mas a mente não. Cada esquina guarda uma história, um perigo, uma ocorrência. A população dorme, mas o policial segue acordado, pois a águia permanece altiva e vigilante, zelando pelo sono da sociedade.

Nem sempre é fácil conter o que se sente. Às vezes, o policial precisa guardar a emoção para não fraquejar, porque, no serviço, não há espaço para erros. Mas, quando a sirene se cala e o turno acaba, o coração ainda carrega o peso do que viveu. São histórias, vidas, tragédias e alegrias. O maior desafio é chegar em casa despido de toda essa energia, porque ali não é o policial quem deve entrar em cena , é o pai, a mãe, a filha, o marido ou a esposa.

O que o cidadão não vê é o que mais revela o que somos. A farda protege, mas não endurece o coração. Por trás do uniforme existe alguém que também sente medo, que também tem família e que, apesar de tudo, escolhe estar lá, todos os dias, para proteger quem nem sempre o entende, quem nem sequer o conhece. Mas, por você, eu prometi e prometo: servir, mesmo com o sacrifício da própria vida.

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Gabriela Pacheco Brandão
A Cabo Gabriela Pacheco Brandão é Bacharel em Direito, com pós-graduações em Ciências Criminais e Direito Aplicado. Possui prática forense reconhecida pelo TJES .Na PMES desde 2014, integrou o GAO e atua na Força Tática desde 2017. É formada em cursos como APH Brasil e CPAAR, com sólida experiência operacional e jurídica.
Bastidores da Farda
Bastidores da Farda
Bastidores da Farda é uma coluna especial que abre espaço para que militares compartilhem suas vivências dentro e fora do serviço. Aqui, o leitor encontra relatos, reflexões e bastidores do cotidiano de quem vive o dever de proteger, mas também carrega medos, sonhos e desafios. A proposta é humanizar a farda, aproximando a sociedade da realidade policial e dando voz a quem, todos os dias, está na linha de frente da segurança pública.

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