Programas governamentais oferecem merenda escolar para quase 80 milhões de crianças a mais do que em 2020, uma expansão de 20% que eleva o total global para aproximadamente 466 milhões de beneficiários. Os dados são da última edição do relatório O Estado da Alimentação Escolar no Mundo, publicado pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP).
Segundo o órgão, o avanço reflete o esforço dos governos para manter e ampliar essas iniciativas, mesmo durante a pandemia de covid-19 e diante das atuais instabilidades econômicas.
“As refeições nas escolas vão além de nutrir; são um caminho para a educação, a saúde e melhores perspectivas”, destacou Cindy McCain, diretora executiva do WFP.
O documento enfatiza que os maiores progressos ocorreram em nações de baixa renda, onde a cobertura dos programas cresceu cerca de 60% nos últimos dois anos.
O continente africano liderou essa evolução, com 20 milhões de crianças a mais atendidas. Nações como Etiópia, Quênia, Madagascar e Ruanda expandiram seus programas em até seis vezes.
Chamam atenção também os novos programas lançados no Canadá, Indonésia e Ucrânia, além de testes em países ricos como a Dinamarca. Essa tendência consolida a alimentação escolar como estratégia global, adotada tanto por economias emergentes quanto por desenvolvidas.
Quase a totalidade do financiamento, 99% dos US$ 84 bilhões anuais, provém de orçamentos nacionais. Mesmo assim, persiste uma lacuna: 50% das crianças sem acesso a merendas estão em países pobres, onde apenas 27% delas são atendidas.
O relatório também analisa a atuação da Coalizão de Alimentação Escolar, criada em 2021 com 108 países membros. Segundo o WFP, grande parte do crescimento recente decorre dos compromissos dessa rede, que promove políticas intersetoriais.
Além de reduzir a fome, os programas melhoram indicadores educacionais, geram 1.500 empregos para cada 100 mil crianças e beneficiam agricultores locais.
Cada dólar investido pode render até nove vezes em ganhos sociais e econômicos.
Apesar dos resultados, cortes na assistência internacional podem comprometer os avanços, sobretudo em regiões vulneráveis. O documento pede ação contínua para que todas as crianças tenham acesso a refeições nutritivas, um passo crucial para um futuro mais igualitário.








