Novos veículos lançadores de grande porte, missões privadas à Lua e a Vênus e a partida da primeira espaçonave europeia a visitar Júpiter devem agitar o ano de 2023.
Dos quatro superfoguetes em preparação para estreia em 2023, o mais aguardado é o Starship, da SpaceX. Escalado para permitir o envio de astronautas à superfície Lua a partir da missão Artemis 3, ele é basicamente o tíquete para a ocupação do Sistema Solar – isso se tiver sucesso. Totalmente reutilizável, ele tem por meta viabilizar transporte de cargas acima de 100 toneladas (é como levar quatro elefantes e meio, ou o equivalente à capacidade máxima de carga de um Boeing 747) para localidades como a Lua ou Marte. Só que isso só será possível se a empresa demonstrar seu sucesso em voo orbital e, posteriormente, a capacidade de reabastecimento em órbita. Caso tenha sucesso, o Starship se tornará o foguete mais poderoso em operação, superando o SLS, da Nasa.
Além dele, outros três grandes foguetes (embora nem de perto tão potentes) têm estreia marcada para o ano que começa (mas não estranhe se um ou mais escaparem para 2024): Ariane 6, da francesa Arianespace; New Glenn, da americana Blue Origin; e Vulcan, da americana United Launch Alliance. Esse último, por sinal, é o que está mais perto de voar, e deve promover a primeira missão da empresa americana Astrobotic à Lua.
O módulo de pouso não tripulado Peregrine, da Astrobotic, é uma das várias missões comerciais ao satélite natural que devem pintar em 2023. A primeira, por sinal, já decolou: lançada em 11 de dezembro, a japonesa Hakuto-R, da empresa ispace, deve tentar pousar na Lua em abril de 2023. Mas, além dessas duas, outras duas empresas americanas esperam lançar seus módulos de pouso robóticos em 2023: Intuitive Machines e Masten Space (recém-adquirida pela Astrobotic). Todas elas, salvo a ispace, farão as missões sob contrato da Nasa para fazer “carretos” à Lua com instrumentos científicos.
Também está marcada para 2023 a partida da primeira missão privada a Vênus. Organizada pela empresa Rocket Lab, que opera o foguete de pequeno porte Electron, em parceria com o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ela espera sondar as nuvens venusianas a fim de estudar sua habitabilidade. A um custo de menos de US$ 10 milhões, se der certo, será um feito impressionante. O lançamento é esperado para maio, mas, dada a dificuldade, a empresa trabalha com uma janela de reserva em janeiro de 2025 (missões interplanetárias precisam aguardar o alinhamento adequado dos planetas para a viagem).
No lado das grandes missões robóticas de agências espaciais, as atenções se voltam para a ESA, que lançará sua primeira missão a Júpiter. A Juice deve partir em abril, numa longa jornada até o maior planeta do Sistema Solar, onde deve chegar apenas em julho de 2031. Com menos pompa, a Nasa também dará início, em outubro, a uma missão robótica importante, Psyche, destinada ao cinturão de asteroides.