A organização não-governamental Central Única das Favelas (Cufa) e a Favela Holding anunciaram o lançamento do Instituto Central nesta quarta-feira (13). O instituto tem como objetivo criar uma rede cooperativa de pesquisadores para produzir dados e análises sobre as populações das favelas brasileiras. 
O evento de lançamento aconteceu na sede da Cufa no Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, e reuniu os dirigentes do instituto: Preto Zezé, Cléo Santana e Marcus Vinícius Athaíde, além de Celso Athaide, um dos fundadores da Cufa e do Instituto DataFavela.
Transformando a favela em sujeito de pesquisa
Cléo Santana, diretora do projeto, destacou que o Instituto Central busca mudar o paradigma das pesquisas sobre favelas, fazendo com que seus moradores sejam protagonistas da produção científica. “Queremos que as pessoas das favelas não sejam apenas objetos de pesquisa, mas sujeitos do conhecimento e cocriadores de soluções”, afirmou.

O primeiro estudo do instituto será realizado com mais de 10 mil pessoas em conflito com a lei, especificamente operadores do tráfico de drogas, em 24 estados brasileiros. A pesquisa, que durará 22 dias, focará em temas como família, formação, hábitos, cotidiano e perspectivas de futuro.
Uma abordagem inédita
Celso Athaíde destacou a importância da pesquisa A Voz do Morro, realizada em 2007, como pioneira na escuta direta dos moradores de favelas. Agora, o Instituto Central busca ampliar essa abordagem, com um estudo que pretende entrevistar 400 pessoas por estado.
Marcus Vinícius Athaíde, economista e gestor do Instituto, reforçou a necessidade de olhar para as favelas com uma perspectiva de mercado. “O Instituto Central faz parte do Favela Holding, que atua em diferentes segmentos relacionados às favelas, desde logística até comunicação e marketing”, explicou.
Escuta humanizada
Os gestores enfatizaram que o objetivo do estudo é compreender profundamente a realidade das pessoas envolvidas no crime. “A proposta é promover uma escuta humanizada sobre família, consumo, lazer, religião, escolhas e sonhos”, destacaram.
Celso Athaíde reforçou a importância de uma abordagem sem preconceitos. “É triste ouvir relatos de crianças que convivem diariamente com a violência em suas comunidades. Essa é a realidade que precisamos compreender e transformar”, afirmou.








