Tecnologia inovadora no controle da dengue, zika e chikungunya está prestes a beneficiar 140 milhões de brasileiros nos próximos anos. A wolbachia, uma bactéria que bloqueia os vírus presentes no Aedes aegypti, começa a ser produzida em larga escala no Brasil. O lançamento dessa importante biofábrica ocorreu em Curitiba (PR) e foi anunciado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A biofábrica, considerada a maior do mundo, é fruto de uma colaboração entre a Fiocruz, Wolbito do Brasil, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), com um investimento superior a R$ 82 milhões.
Produção em larga escala
Com essa nova instalação, a produção de mosquitos infectados com wolbachia alcançará 100 milhões de ovos por semana. Isso permitirá que o alcance da tecnologia passe de cerca de 5 milhões para 140 milhões de pessoas em aproximadamente 40 municípios com as maiores taxas de incidência de doenças transmitidas pelo mosquito nos últimos anos. Essa iniciativa destaca o Brasil como referência global no enfrentamento das arboviroses, com a tecnologia já sendo utilizada em 14 países.
Resultados positivos demonstrados
O método de controle com wolbachia tem se mostrado eficaz ao longo dos anos. Desde 2023, sua utilização foi ampliada em áreas prioritárias pelo Ministério da Saúde, apresentando resultados promissores. Por exemplo, em Niterói (RJ), onde a tecnologia foi implementada completamente, os casos de dengue diminuíram 69%. Além da melhoria na saúde pública, a abordagem oferece um ótimo custo-benefício: para cada R$ 1 investido, o país pode economizar até R$ 500 em medicamentos e tratamentos.
Expansão da tecnologia
Atualmente, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz, está expandindo o uso da wolbachia para 16 cidades, incluindo Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Londrina, Natal e Brasília. Esta estratégia faz parte de um esforço contínuo para reduzir a incidência de arboviroses no Brasil.
O que é a wolbachia
A wolbachia é uma bactéria comum em 60% dos insetos e, quando injetada no Aedes aegypti, impediu o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika e chikungunya. Ao liberar mosquitos infectados no ambiente, a reprodução com mosquitos selvagens leva à formação de uma nova geração menos capaz de transmitir essas doenças, aumentando gradualmente a proporção de mosquitos infectados e reduzindo a necessidade de liberações contínuas.
Estratégias contra a dengue
O Ministério da Saúde implementa estratégias baseadas em evidências científicas divididas em seis eixos: prevenção, vigilância, controle vetorial, organização da rede assistencial, preparação e resposta a emergências, e participação comunitária. O Brasil é pioneiro ao oferecer a vacina contra dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com mais de 16 milhões de doses adquiridas. Em 2025, está prevista a produção de 60 milhões de doses anuais pelo Instituto Butantan, o que permitirá ampliar a faixa etária de vacinação.
A vigilância também se mantém ativa, com laboratórios públicos equipados para confirmar casos e identificar sorotipos de vírus da dengue em circulação, garantindo maior transparência e controle das doenças.








