O anúncio de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território dos Estados Unidos teve ampla repercussão em Washington, onde parlamentares republicanos cobraram o presidente, Joe Biden, por uma posição mais rigorosa em relação ao regime liderado por Xi Jinping.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, qualificou o balão como um exemplo da “afronta descarada da China sobre a soberania americana”, argumento ecoado por outros parlamentares da mesma legenda.
O senador Tom Cotton pediu a Blinken para que cancelasse sua viagem.
Outro senador, Marco Rubio, que participa do comitê de inteligência da casa, afirmou que a notícia era alarmante, mas não uma surpresa. “O nível de espionagem voltado para o nosso país por Pequim se intensificou e ficou mais claro nos últimos cinco anos”, escreveu no Twitter.
Na sexta-feira (3), o Ministério das Relações Exteriores de Pequim declarou em nota que o balão era uma aeronave civil usada em pesquisas —meteorológicas em especial— que tinha se desviado de seu trajeto planejado em razão dos ventos.
O comunicado ainda lamenta a entrada do objeto no espaço aéreo dos EUA.
Mais cedo, a porta-voz da pasta, Mao Ning, havia declarado a repórteres em Pequim que o regime ainda investigava o ocorrido e condenado o que chamou de “elucubrações e boatos” acerca do incidente.
Enquanto isso, o Ministério de Defesa do Canadá afirmou que também havia detectado um balão espião e que o monitorava para checar se ele representava um “segundo incidente potencial”, sem esclarecer se os dois casos têm relação.
O momento já era de tensão entre Washington e Pequim mesmo antes do incidente, com o vazamento de um memorando dos EUA na semana passada em que um general previa uma guerra entre elas em 2025.
Na imprensa americana, especula-se se própria decisão do Pentágono de divulgar a informação não buscava servir como uma espécie de alerta para Pequim.
A revelação da existência do balão foi, afinal, feita por William Burns —diretor da CIA, a agência de inteligência americana— durante um evento na Universidade de Georgetown, em Washington, ocasião em que ele descreveu o gigante asiático como o “maior desafio geopolítico” dos EUA hoje.