As associações do setor têxtil e vestuário preparam uma significativa ação contra as importações da China, conforme revelado por fontes recentes. António Braz Costa, diretor-geral do Citeve – Centro Tecnológico do Têxtil e Vestuário, destacou que as entidades do setor estão adquirindo produtos do Extremo Oriente para serem testados. Assim que forem obtidas conclusões, essas associações farão as divulgações necessárias e as comunicarão à Comissão Europeia, reivindicando um aumento no controle e na fiscalização das importações.
A ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção – está entre as organizações mais ativas nesse processo de controle. O presidente da ANIVEC, César Araújo, informou que a entidade decidiu realizar compras em diversos países europeus, enviando os produtos para análise no Citeve. Mário Jorge Machado, presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal – e da Eurotex (federação europeia do setor), alertou que muitos itens importados não cumprem as exigências químicas da União Europeia. Esses produtos podem apresentar concentrações elevadas de substâncias prejudiciais, como formaldeído e corantes com metais pesados, além de compostos químicos considerados nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Importações da China estão sendo realizadas com irregularidades. João Neves, ex-secretário de Estado da Economia, informou que esses produtos chegam muitas vezes sem fatura ou documentos adequados. Sem a devida cobrança de IVA, as transações se tornam uma forma de evasão fiscal, considerada ampla na Europa, segundo César Araújo.
Apesar das questões legais e das preocupações relacionadas à segurança dos produtos, a União Europeia continua a ser um mercado atraente para as importações chinesas. Em 2024, os consumidores europeus adquiriram 4,6 bilhões de produtos de baixo valor (até 150 euros), gerando 12,6 milhões de encomendas diárias. Esse número representa o dobro em comparação com o ano anterior e o triplo em relação a 2022. A China é responsável por 91% dessas vendas, com marcas como Shein e Temu emergindo rapidamente como preferências entre 75 milhões de consumidores europeus.
Bruxelas já manifestou preocupações sobre o elevado volume de produtos importados diretamente pelos consumidores, afirmando que isso exerce uma pressão insustentável sobre as autoridades competentes.








