Chega dezembro e os enfeites de Natal se espalham pela cidade. As fachadas de casas e prédios, o interior dos estabelecimentos comerciais e as ruas das cidades se enchem de luzes, bolas, guirlandas e outros símbolos natalinos, que frequentemente nos remetem a cenários nem um pouco relacionados a de um país tropical.
Com neve, árvores com galhos secos, personagens em trenós e roupas para neve, ficamos cercados por cenas importadas só vistas em regiões do hemisfério norte do planeta. Com a música acontece algo parecido. Nossos ouvidos se enchem de canções oriundas da mesma realidade de onde vieram as nossas decorações de fim de ano.
Nesse contexto temos também de considerar que em alguns países há uma grande tradição de se compor músicas especialmente para essa do ano. Nos Estados Unidos, por exemplo, chegou-se a criar um acorde de Natal.
Quando o assunto é canção de Natal em português facilmente nos lembramos de versões como “Então é Natal” e “Noite feliz”. Aí surge uma pergunta: será que existe alguma música natalina made in Brasil? A resposta é sim e neste texto vamos mostrar alguns exemplos da nossa produção musical para as festas de fim de ano.
Dentre as canções natalinas mais lembradas está “Boas Festas” de Assis Valente. Mais conhecida como “Anoiteceu”, “Boas Festas” nos engana por sua melodia alegre e semelhança com as marchinhas de carnaval. Os seus versos, porém, revelam um momento de tristeza e até desilusão por parte do seu autor.
O próprio Assis Valente confessou em uma entrevista, que “Boas Festas” foi composta em um momento triste de sua vida. De acordo com o compositor, o cenário em que a famosa canção natalina nasceu era o seguinte:
“Eu morava em Niterói, e passei aquele Natal sozinho. Estava longe dos meus e de todos em uma terra estranha. Era uma criatura esquecida dos demais no mundo alegre do Natal dos outros. Havia em meu quarto isolado, uma estampa simples de uma menina esperando seu presente, com seus sapatinhos sobre a cama. Eu me senti nela.”
Outra bastante lembrada nas festas de fim de ano é “Natal das crianças”, de Blecaute. Composta em 1955, essa canção já foi gravada por Carmem Miranda, Maria Bethânia, Novos Baianos, Simone e Jane Duboc. A música celebra o Natal com sua magia e encanto a partir da perspectiva de uma criança e descreve a atmosfera do Natal, com o “blim, blom” dos sinos e a chegada do Papai Noel com presentes para todos
Blecaute – NATAL DAS CRIANÇAS – Blecaute
Mais conhecido pela canção “A lua e eu”, Cassiano também tem sua melodia natalina. Trata-se de “Hoje é Natal”, composta em parceria com Paulo Zdanowski e lançada em 1976 no álbum “Cuban Soul: 18 Kilates” que também contém o sucesso “A lua e eu”. A gravação de “Hoje é Natal” contou com uma orquestra sinfônica e outros músicos, incluindo o próprio Paulo Zdanowski na guitarra.
O álbum “25 de Dezembro”, da cantora Simone, foi o primeiro da indústria fonográfica brasileira inteiramente inspirado no Natal. A escolha do repertório foi feita pela própria cantora e por Max Pierre e incluiu canções religiosas e outras canções tradicionais natalinas. Além das canções “Boas festas” e “Natal das Crianças”, Simone canta outra canção de Natal brasileira. Trata-se de “O velhinho” composta por Octávio Babo Filho, primo de Lamartine Babo. Dentre as muitas versões, destacamos a de Dominguinhos, com sua sanfona, e do grupo Roupa Nova.
Roupa Nova – O Velhinho (Pseudo video)
Esta última gravação de “O Velhinho” é parte do álbum “Natal todo dia” de 2007 e inclui, além de músicas tradicionais, a faixa que dá título ao álbum. O vídeo de “Natal todo dia” reflete bem o tradicional ambiente das festas de fim de ano e seus elementos típicos, como Papai Noel, pinheiros e as luzes de Natal.
Procuramos listar aqui algumas músicas que trazem o Natal como seu tema principal e, como tudo em torno dessa festa, verificamos que há muitas versões de músicas de países, como Estados Unidos e Alemanha. Talvez o fim deste ano seja um bom momento para os nossos músicos pensarem em canções que refletem nossa forma de vivenciar esta época do ano, com nosso clima, nossa comida e nosso jeito de ser.
