Nascida em Torquay, ao sul da Inglaterra, Agatha Mary Clarissa Miller, mais tarde conhecida como a rainha do crime, desde cedo demonstrou uma imaginação fértil e um amor por histórias. Entre as paredes de sua casa, aprendeu a ler aos quatro anos e perdida em um mundo de livros, a pequena Agatha encontrava refúgio e aventura. Os romances de Sherlock Holmes a fascinavam, e ela passava horas tecendo teorias sobre os mistérios que o detetive desvendava. O que mais tarde resultou na criação de seu próprio detetive, Hercule Poirot, após uma aposta em que alguém duvidava que ela fosse capaz de escrever uma história de detetives comparável às de Sherlock Holmes
A Primeira Guerra Mundial marcou profundamente a jovem Agatha. Como muitas mulheres de sua época, ela se alistou como enfermeira, onde teve contato com a dor e a morte, experiências que mais tarde alimentariam sua escrita. Ao final da guerra, em 1914, casou-se com Archibald Christie, um piloto encantador. Os anos que se seguiram foram marcados pela felicidade de construir uma família e pela descoberta de um talento nato para a escrita.
A década de 1920, no entanto, trouxe consigo uma série de desafios. A morte de sua mãe, seguida da traição de seu marido, mergulhou Agatha em uma profunda depressão. A relação com sua filha, Rosalind, era um dos pilares que a mantinham de pé. A necessidade de proteger e garantir um futuro para a filha se tornou um poderoso motivador para que Agatha seguisse em frente. A vida, antes tão colorida, agora se reduzia a uma tela monocromática. A escrita, antes um prazer, tornou-se uma forma de escapar da dor. Foi nesse período de luto e incerteza que Agatha desapareceu por onze dias, em um episódio que intrigou o mundo e alimentou diversas teorias.
Ao retornar, Agatha decidiu seguir em frente. Uma viagem ao Oriente Médio, onde conheceu o arqueólogo Max Mallowan, marcou um novo capítulo em sua vida. O amor que floresceu entre eles a revitalizou. A paixão pela arqueologia e pela aventura, que Max compartilhava, a inspirou a criar personagens e cenários exóticos, enriquecendo ainda mais suas histórias.
Com a publicação de sucessos como “O Assassinato de Roger Ackroyd” e “Morte no Nilo”, Agatha Christie consolidou seu lugar na história da literatura. Seus romances, com seus enigmas complexos e personagens memoráveis, conquistaram leitores do mundo todo. A escrita se tornou sua companheira inseparável, e ela encontrava prazer em construir mundos imaginários e em surpreender seus leitores a cada novo livro.
Agatha Christie faleceu em 1976, deixando um legado que se estende por gerações. Suas histórias continuam a ser adaptadas para o cinema e a televisão, e seus livros são traduzidos para diversas línguas. A rainha do crime, como ficou conhecida, nos mostrou que a dor pode ser transformada em arte e que a escrita pode ser uma poderosa ferramenta para superar desafios e conectar pessoas.