Ah, o futebol! Como boa brasileira, é claro que eu sou apaixonada pelo esporte. Gosto de assistir na TV, mas nada se compara a estar no estádio, com aquela energia da torcida. Já tive cinco oportunidades de estar lá, e cada vez foi uma experiência única — às vezes emocionante, outras, desafiadora. Lembro que, quando fui ver o time do 12, do Campeonato Capixaba, me meti numa aventura pelo interior do Espírito Santo. Imagina uma mulher numa van cheia de torcedores apaixonados e barulhentos! Foi uma experiência que me trouxe reflexões. Achei que, por ser mulher, poderia escapar das hostilidades e retrucar com tranquilidade. Mas, olhando para trás, vejo que me arrisquei sem perceber, dada a realidade do machismo e a violência contra mulheres, especialmente em ambientes tradicionalmente dominados por homens.
Essas experiências me ensinaram muito sobre como é ser mulher e torcedora de futebol. Em outra ocasião, no estádio Kleber Andrade, fui assistir a um jogo da Libertadores entre Flamengo e outro time. Embora eu seja vascaína, fui com amigos e fiquei encantada com a energia contagiante da torcida. Isso tudo só me fez sonhar ainda mais com o dia em que verei meu Vasco no Maracanã.
Mas foi no Kleber Andrade, assistindo à Seleção Brasileira de futebol feminino, que eu realmente percebi a importância do esporte para a inclusão das mulheres. O ambiente era diferente: muitas mulheres, mães com filhos, meninas e garotinhas com olhinhos brilhando. A seleção feminina — mesmo sem estar nas melhores condições — movimenta uma legião de fãs, especialmente mulheres, e isso traz um significado profundo. O futebol se torna uma porta de entrada para a igualdade de gênero, mostrando que nós, mulheres, temos espaço e voz.
Temos Marta, a nossa rainha. Ela é um ícone de sucesso, mas também é humana e sujeita a erros. E mesmo assim, inspira tantas de nós a lutar pelos nossos sonhos. O esporte abre portas, sim, mas essa porta ainda é estreita. Precisamos forçá-la mais, ganhar apoio, patrocínios e políticas públicas para que o futebol feminino e outras modalidades sejam oportunidades reais de crescimento.
Eu acredito que os estádios também devem se tornar um espaço de evolução para as torcidas. É doloroso ver comportamentos machistas e agressivos que parecem ser normalizados ali. Precisamos mudar isso! Não podemos gritar para “quebrarem” uma jogadora, nem usar xingamentos, especialmente quando quem está em campo são mulheres que enfrentaram tantas barreiras para estar ali. Queremos mais fair play, mais jogo limpo, dentro e fora de campo. É uma questão de respeito com essas atletas que estão transformando o futebol e abrindo portas para as próximas gerações.
A partida que assisti entre as seleções femininas, com dez mil pessoas na arquibancada, foi linda, até porque, além das jogadoras, a torcida foi um espetáculo à parte — e até um gatinho e alguns quero-queros entraram na festa! Parece que a nossa seleção canarinho ganhou um “apelido” por aqui: “Canarinha-Quero-Quero”! E é exatamente essa imagem, de pluralidade, acolhimento e alegria, que espero ver cada vez mais nos estádios.
É isso: mais respeito, mais inclusão, mais futebol para todas nós!