23 de julho de 2025
quarta-feira, 23 de julho de 2025

Impacto dos parques eólicos na região mais pobre da América Latina

Quando José Luis Iguarán sai de casa em La Guajira, no norte da Colômbia, depara-se com uma linha de dez torres eólicas. Essas estruturas se destacam no terreno árido, repleto de cactos, e estão voltadas para o mar do Caribe. Iguarán é membro do povo indígena Wayuu, que vive nessa região há séculos, subsistindo da criação de cabras, agricultura, mineração de sal e pesca.

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O crescimento da energia renovável

La Guajira se tornou um centro de transição de combustíveis fósseis para energia renovável na Colômbia, aproveitando alguns dos ventos mais fortes do país. No entanto, essa expansão da energia verde encontrou resistência entre os moradores locais, que possuem uma relação profunda com a cultura e a natureza da região.

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Iguarán menciona a transformação do ambiente: “Você acorda e, de repente, não vê mais as árvores. No lugar delas, você vê e ouve as turbinas.” Sua comunidade agora convive com o parque eólico Guajira 1, um dos dois em operação na Colômbia, além de outros 15 que estão sendo construídos.

Benefícios e conflitos

Embora as turbinas eólicas perturbem os sonhos sagrados dos Wayuu, Iguarán reconhece que a construção trouxe melhorias. A companhia Isagen, responsável pelo parque, forneceu acesso a água potável, melhores estradas e moradias mais resistentes. A empresa, de propriedade canadense, também paga taxas anuais e uma parte da receita gerada com a venda de créditos de carbono.

Contudo, nem todos compartilham essa visão otimista. Aaron Laguna, pescador e membro do grupo Wayuu, observa que a instalação de parques eólicos gera divisões na comunidade. As queixas sobre falta de transparência e compensação inadequada são comuns.

A batalha por direitos

As disputas entre comunidades e empresas têm aumentado. Muitas pessoas têm se queixado de negociações desfavoráveis e desrespeito pelas normas culturais. Segundo Joanna Barney, do think tank Indepaz, não há uma estrutura jurídica robusta que avalie adequadamente os impactos sociais e ambientais desses projetos.

A pressão das comunidades tem levado empresas como EDP Renováveis a suspender projetos em La Guajira. O aumento nas declarações de impacto sobre as comunidades locais foi um dos fatores que motivou essa decisão.

Desconexão cultural

O antropólogo Wieldler Guerra aponta a falta de compreensão mútua entre os Wayuu e as empresas de energia. Para os Wayuu, os ventos possuem uma significação espiritual, enquanto para as empresas, são apenas um recurso para geração de lucro e progresso.

Desafios persistentes

Embora a energia eólica represente uma promessa de desenvolvimento, muitas comunidades ainda enfrentam sérias carências em acesso a serviços básicos como educação e saúde. Apesar da geração de eletricidade nas proximidades, a maioria dos Wayuu continua sem acesso direto à energia produzida.

Assim, enquanto o cenário da energia limpa evolui, muitos habitantes de La Guajira temem ser deixados à margem desse progresso.


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