O “Poema de Sete Faces”, publicado em 1930 por Carlos Drummond de Andrade, é uma obra central da literatura brasileira que expressa o desconforto e a sensação de deslocamento típicos da condição humana. Na esfera de recursos humanos (RH), reconhecer e acolher essas emoções é vital para que os colaboradores possam desenvolver seus talentos com segurança e respeito pelas individualidades. Com a integração de tecnologias como a inteligência artificial (IA) e a análise de dados sobre os colaboradores, a essência da atuação do RH deve sempre se concentrar no ser humano e em suas necessidades específicas.
A inteligência artificial no RH: ferramenta de apoio, não protagonista
Apesar de seu valor, a tecnologia deve atuar como um complemento, ajudando a identificar tendências e relacionando comportamentos ao desempenho dos colaboradores. Contudo, a IA nunca deve ser vista como a principal responsável. Em grandes organizações, onde o RH enfrenta o desafio de reconhecer todos os colaboradores individualmente, o papel do digital se torna ainda mais relevante, levando muitas vezes à segmentação da gestão de pessoas em diferentes nichos ou departamentos.
Nesse cenário, o verdadeiro diferencial está em retomar a máxima de que o profissional de RH deve conhecer suas pessoas, orientando os líderes a fazer o mesmo. Essa volta ao contato humano se revela crucial nestes tempos de transformação digital.
O equilíbrio entre tecnologia e contato humano no RH
Manter um equilíbrio entre tecnologia e interação humana é fundamental para a retenção e desenvolvimento de gestores em diversas áreas, além de ser um caminho para uma nova percepção e reconhecimento das pessoas individualmente. Em empresas menores, ter uma visão integrada dos colaboradores gera resultados positivos. Ciclos de avaliação e discussões em equipe são exemplos de práticas que promovem reconhecimento e colaboração.
A realização de comitês com líderes, workshops de capacitação e discussões sobre valorização de pessoas são essenciais para disseminar as melhores práticas de gestão. O apoio da tecnologia, principalmente por meio da automação de tarefas repetitivas por IA, proporciona agilidade e efetividade nas decisões, mas o contato humano deve permanecer como princípio norteador da atuação em RH.
A cultura organizacional e o equilíbrio entre humano e tecnologia
Vale ressaltar que processos como esses dependem da compreensão da cultura organizacional. Valores de colaboração e participação, quando vividos de forma genuína, tornam-se impulsionadores do crescimento e facilitam a articulação entre o humano e o tecnológico.
Mais de nove décadas após a publicação de Drummond, suas reflexões continuam relevantes. As organizações devem se empenhar em reconhecer a humanidade de cada colaborador e acolher suas aspirações, assim como compreender suas características singulares para apoiar a construção de seus futuros.
Esse enfoque humanizado fortalece as relações e cria um ambiente organizacional mais acolhedor e inovador. Afinal, no final das contas, uma empresa é feita de pessoas.