O projeto e construção de plantas industriais, como as plataformas de petróleo offshore, requerem a gestão de um volume extenso de informações e documentos. No contexto atual, a demanda por alta produtividade e rápidos prazos de entrega faz com que o uso de sistemas digitais especializados em engenharia se torne essencial. A inovação digital, nesse sentido, aparece como uma solução eficaz, especialmente em projetos como o do FPSO P-78.
Desenvolvido pela DBR Energies para a Petrobras, esse projeto executivo abrange os módulos da planta de processos e utilidades do FPSO P-78. A empresa também atuou na engenharia de integração e interface, participando das etapas de suprimentos, construção e montagem como assistente técnico.
O FPSO P-78, com suas dimensões impressionantes de 345 m de comprimento e 60 m de largura, contém 15 mil linhas de tubulação e 20 mil válvulas manuais. Ele irá operar no campo de Búzios, a cerca de 200 km da costa brasileira, possuindo capacidade para produzir até 180 mil barris de óleo equivalente por dia e processar 7,2 milhões de m³ de gás natural diariamente.
A DBR enfatiza que a execução de projetos deste porte se beneficia do uso intensivo de sistemas digitais, incluindo maquetes eletrônicas BIM, que têm evoluído desde os anos 1960. Atualmente, existem diversas ferramentas digitais que permitem a simulação de escoamento de fluidos, dimensionamento de estruturas e gestão de documentos, contribuindo significativamente para a eficiência dos projetos.
Um dos principais avanços no projeto do FPSO P-78 foi a implementação de uma gestão estratégica na equipe de engenharia digital. Isso incluiu o desenvolvimento de um sistema de gestão de interfaces, que melhora a comunicação entre as partes envolvidas, e um ambiente na nuvem para engenharia colaborativa. Esse sistema possibilitou o compartilhamento em tempo real dos modelos BIM entre equipes globais, conectando mais de 300 estações de trabalho.
Outra inovação foi a criação de um portal web integrado, que consolidava todas as informações em tempo real, facilitando a geração automática de relatórios e a extração de materiais. Segundo Gabriel Silva, gerente de Digital Engineering da DBR, essas inovações aumentaram a produtividade e eficiência do projeto, resultando em entregáveis de maior qualidade e menos retrabalho.
Para a EPCista e a operadora, as melhorias na gestão de interfaces e suprimentos garantem um desempenho superior nas atividades de montagem e comissionamento, refletindo na segurança e eficiência operacional da plataforma.
O avanço da inovação digital na área de engenharia representa um ganho significativo para todos os envolvidos, elevando o retorno sobre o investimento e estabelecendo o FPSO P-78 como referência para futuros projetos na indústria offshore. A Petrobras, com um investimento de US$ 64 bilhões até 2027, destaca o potencial de produção de 3 milhões e 100 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo uma parte considerável proveniente do pré-sal.
O campo de Búzios, o maior em águas ultraprofundas do mundo, tem demonstrado resultados expressivos, alcançando um bilhão de barris de óleo equivalente em apenas cinco anos de operação. Isso demonstra a eficácia das inovações e o potencial de crescimento futuro na exploração do pré-sal brasileiro.