O novo iPhone deve enfrentar um aumento significativo de preço em um futuro próximo. A dúvida que resta é: quanto mais caro? De acordo com o último balanço fiscal da Apple, a empresa tem absorvido os custos adicionais das tarifas de importação nos EUA, por enquanto, sem repassar esses aumentos aos consumidores. No entanto, a reputação da Apple em manter suas margens de lucro sugere que essa estratégia pode mudar.
Em uma análise recente, o analista Srini Pajjuri, da Raymond James, indicou que “aumentar os preços é a melhor opção” para compensar o impacto das tarifas.
Atualmente, o efeito das tarifas ainda parece gerenciado. Durante uma chamada com investidores, Tim Cook, CEO da Apple, mencionou uma expectativa de aumento de aproximadamente US$ 900 milhões nos custos até o terceiro trimestre. Esse aumento representa menos de 2% em relação às previsões de custo de vendas.
Margens de lucro sob pressão
Entretanto, essa situação pode não ser sustentável a longo prazo. Cook alertou que o trimestre de junho inclui “fatores únicos” que ajudaram a suavizar os custos, sugerindo que as margens de lucro podem ser ainda mais pressionadas se as tarifas continuarem.
Tarifas específicas, como as impostas sobre semicondutores, também poderiam elevar os custos de produção da empresa. O analista Ben Reitzes, da Melius Research, elevou suas previsões de impacto para US$ 900 milhões em custos de vendas nos próximos trimestres.
Caso a Apple decida repassar esses custos aos consumidores, a grande incógnita é: qual será o aumento no preço do iPhone e como a Apple irá implementá-lo sem perder seus clientes?
Queda no valor de mercado da Apple
As preocupações sobre o efeito das tarifas nas margens de lucro desencadearam uma queda nas ações da Apple, que despencaram quase 4% após o último balanço. A pressão sobre os papéis continuou com uma nova queda de 3%, após reportagens sugerirem que o próximo iPhone ultrafino pode ter desempenho inferior, como menor duração da bateria.
Desde o anúncio de novas tarifas, a Apple viu sua capitalização de mercado encolher em mais de US$ 350 bilhões, enquanto outras gigantes de tecnologia já se recuperaram das perdas iniciais.
Medidas para mitigar os impactos
A Apple tem tomado diversas iniciativas para minimizar os efeitos das tarifas. Tim Cook afirmou que, no trimestre de junho, a maior parte dos dispositivos enviados aos EUA será fabricada na Índia e no Vietnã. Contudo, romper completamente com a China, sua principal base produtiva, ainda será um desafio, especialmente com a busca por inovações tecnológicas.
Aumento de preços: uma possibilidade
O cenário mais provável é que a Apple aumente seus preços, conforme estratégias já aplicadas anteriormente. Apesar de não ter alterado o preço inicial do modelo base para US$ 999 desde 2017, a empresa já encontrou formas de elevar o preço médio de venda dos iPhones ao longo dos anos.
O preço médio de venda do iPhone aumentou de cerca de US$ 755 antes do lançamento da linha Pro em 2019 para mais de US$ 960 em apenas três anos.
Consumidor enfrentará preços mais altos?
Embora o preço médio do iPhone continue a subir, sinais de cansaço entre os consumidores são visíveis, especialmente em um cenário econômico desafiador. Modelos premium com mais memória têm contribuído para esse aumento, mas há limites para o que os clientes podem suportar financeiramente.
Atualmente, diversos modelos já ultrapassam os US$ 1.000, e a Apple não poderá contar com operadoras para suavizar os custos, como fazia anteriormente. O CEO da Verizon indicou que não cobririam aumentos significativos nas tarifas sobre smartphones, e a AT&T assim também se manifestou.
Em breve, os consumidores da Apple poderiam sentir no bolso os efeitos diretos da guerra tarifária em curso.