quinta-feira, 10 de abril de 2025

A voracidade energética da inteligência artificial

O crescimento acelerado da inteligência artificial (IA) tem gerado um aumento significativo na demanda por infraestrutura de computação no Brasil. Apesar de estar distante dos polos tecnológicos da América do Norte e da Ásia, o país se destaca pela disponibilidade de recursos essenciais, como energia limpa e água, que são fundamentais para o desenvolvimento do setor.

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Centros de IA, com legiões de servidores, são necessários para processar as grandes quantidades de informações que alimentam os potentes modelos de linguagem (LLMs). Esses data centers podem reunir milhares de unidades de processamento, resultando em um alto consumo de eletricidade e exige sistemas de refrigeração eficientes para manter a temperatura dos chips sob controle.

Projetos em andamento, como o da empresa RT One em Maringá, no Paraná, visam construir um data center com capacidade máxima de 400 megawatts (MW). Se alcançado o pico de operação, o consumo elétrico será equivalente ao de uma cidade com 640 mil habitantes. De maneira similar, a Scala Data Center tem em planejamento uma usina em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, com capacidade instalada de 60 MW e a possibilidade de expansão para até 4,75 gigawatts (GW) conforme a demanda crescer.

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O Brasil, com uma matriz energética composta em 85% por fontes renováveis, apresenta uma vantagem competitiva significativa em um cenário global que busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis, responsáveis por 61% da geração elétrica mundial. Além disso, o país possui uma boa oferta de água, crucial para o resfriamento dos processadores avançados.

Vale destacar que grande parte dos dados processados em território brasileiro será destinada a consumidores internacionais, o que de certa forma representa uma exportação indireta de eletricidade e água. No entanto, essa dinâmica pode trazer desafios, como pressão adicional sobre o sistema elétrico e a redução da participação de fontes limpas na matriz energética.

Globalmente, a demanda por energia nos data centers já alcança 55 gigawatts (GW), equivalente a cerca de um quarto da capacidade instalada de geração no Brasil. Segundo projections da Goldman Sachs Research, essa demanda pode aumentar em 165% até 2030, impulsionada pela crescente utilização de serviços de IA. Esse cenário terá implicações na Europa, onde poderá inverter a tendência de queda de 3% ao ano no consumo de eletricidade.

Ainda há incertezas sobre se inovações, como o sistema Deepseek desenvolvido na China, conseguirão amenizar esse consumo voraz de energia. Se não conseguirem, a eletricidade e a água poderão se tornar fatores limitantes críticos para o avanço da IA, que, em contrapartida, pode dificultar a tão necessária transição energética para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.


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