Um estudo recente conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil revelou uma nova abordagem para medir o consumo de alimentos ultraprocessados por meio da análise de moléculas presentes no sangue e na urina. Essa técnica inovadora pode oferecer insights valiosos sobre a relação entre dieta e doenças crônicas, como diabetes e câncer.
Os alimentos ultraprocessados, que incluem produtos como iogurtes adoçados, pães de forma, salgadinhos, fast food e refrigerantes, são fabricados industrialmente e contêm aditivos químicos, aromatizantes e conservantes. O consumo excessivo desses produtos está associado a um aumento no risco de várias doenças.
Nosso entendimento atual sobre o consumo de ultraprocessados frequentemente se baseia em autorrelatos, que podem ser imprecisos. A nova pesquisa, publicada na revista Plos Medicine, melhora significativamente a análise ao incluir mais de mil metabólitos gerados quando o corpo converte alimentos em energia.
Pesquisadores expandiram a amostragem para 718 indivíduos saudáveis, com idades entre 50 e 74 anos, que registraram sua alimentação durante um ano. Os alimentos consumidos foram categorizados como ultraprocessados ou naturais, e uma técnica de aprendizado de máquina foi utilizada para quantificar a ingestão diária de energia proveniente desses produtos.
Em média, os participantes obtinham 50% de sua energia diária de ultraprocessados, com variações de 12% a 82%. Aqueles que consumiam mais alimentos desse tipo apresentavam uma maior ingestão de carboidratos simples e açúcares adicionados, e menor ingestão de proteínas e fibras. Alarmantemente, os metabólitos associados ao risco de diabetes tipo 2 estavam mais presentes nas amostras de participantes com alto consumo de ultraprocessados.
Além disso, foi identificado que algumas moléculas derivadas de embalagens de alimentos também estavam presentes. Com o objetivo de aprofundar a pesquisa, a equipe do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos planeja testar essa nova ferramenta em populações mais jovens e com dietas variadas, buscando um melhor entendimento da relação entre alimentos ultraprocessados e câncer.