A inteligência artificial tem revolucionado diferentes setores, incluindo a medicina, ao oferecer soluções inovadoras para problemas complexos. Sua aplicação vai além do diagnóstico e análise de exames; seu potencial se estende também à previsão e gerenciamento da resistência bacteriana a antibióticos.
Avanços da inteligência artificial na medicina
A tecnologia está transformando o mercado da saúde, promovendo melhorias na precisão diagnóstica, personalização de tratamentos e otimização de recursos. Antônio Benchimol, engenheiro de computação da PUC-Rio, destacou a importância da personalização das terapias e o impacto positivo da inteligência artificial nesse contexto. Exemplos de tecnologias em uso incluem ferramentas de transcrição automática, robótica cirúrgica e monitoramento remoto de pacientes.
Além disso, Benchimol ressaltou como as redes neurais profundas têm impulsionado o desenvolvimento de modelos mais sofisticados, capazes de criar textos, imagens e interagir por meio da linguagem natural. A presença da inteligência artificial na vida cotidiana é cada vez mais comum, refletindo sua integração nas práticas médicas.
Aplicações práticas da IA
- A inteligência artificial é utilizada em diagnósticos e decisões clínicas, analisando exames e dados de pacientes.
- Sistemas robóticos guiados por IA aprimoram a precisão em cirurgias e aceleram o processo de recuperação.
- Algoritmos de inteligência artificial ajudam a prever surtos, planejar campanhas de vacinação e monitorar indicadores de saúde populacional.
Previsão de resistência a antibióticos
Uma das promissoras aplicações da inteligência artificial é a previsão da resistência bacteriana a antibióticos. Essa tecnologia tem o potencial de otimizar diagnósticos, personalizar tratamentos e melhorar a gestão hospitalar. Daniel Araujo Ferraz, chefe de IA da Rede D’Or São Luiz, apresentou no Congresso o projeto RESIST.IA, que auxilia médicos na seleção de antibióticos mais eficazes. O sistema analisa grandes volumes de dados hospitalares e fornece informações detalhadas sobre os padrões de resistência bacteriana.
Por exemplo, ao questionar sobre a eficácia de antibióticos contra o Proteus mirabilis em 2023, o sistema gera uma lista precisa. Em análises de unidades de terapia intensiva em cidades como Recife, Aracaju e Salvador, o RESIST.IA produziu gráficos sobre a resistência da Pseudomonas aeruginosa.
Ferraz enfatiza que a inteligência artificial não substitui a decisão médica, mas atua como um suporte importante na escolha do tratamento. É fundamental validar os dados e alimentar o sistema com informações confiáveis para aumentar sua acurácia, garantindo assim resultados mais precisos na escolha dos antibióticos.
O projeto está em fase inicial, mas já demonstra grande potencial para mudar a forma como a infectologia hospitalar é abordada. Com a integração eficiente e segura da inteligência artificial na prática médica, o desafio é otimizar essa tecnologia para que traga benefícios reais aos profissionais da saúde e aos pacientes.