sexta-feira, 11 de abril de 2025

Estudo aponta que bebês criam memórias após o primeiro ano de vida

Pesquisas recentes desafiam a crença de que bebês não conseguem criar memórias duradouras antes dos três ou quatro anos de idade. Um estudo publicado na revista Science sugere que a formação de memórias pode ocorrer já após os 12 meses de vida. Os pesquisadores afirmam que a chamada “amnésica infantil” não se deve a uma incapacidade de codificar experiências, mas a complexos mecanismos cerebrais que tornam essas memórias inacessíveis.

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O fenômeno da amnésia infantil é intrigante, uma vez que os primeiros anos de vida são repletos de aprendizado, mas muitos não têm lembranças desse período. O professor de psicologia de Yale e autor do estudo, Nick Turk-Browne, expressou sua fascinação pela “misteriosa lacuna” na história pessoal de cada um.

Desenvolvimento intenso nos primeiros anos

Por volta de um ano, os bebês se tornam aprendizes extraordinários, adquirindo habilidades como falar, andar e reconhecer objetos. No entanto, apesar dessa plasticidade, não conseguimos lembrar dessas experiências. As explicações clássicas, como as propostas por Sigmund Freud, atribuíram isso à repressão de memórias, uma ideia que a ciência moderna já descartou. Atualmente, a pesquisa se concentra no hipocampo, uma área do cérebro fundamental para a memória episódica que se desenvolve completamente após a infância.

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Embora bebês não falem, sua tendência a observar por mais tempo o que já conhecem ajudou a equipe de pesquisa a explorar suas memórias. Estudos anteriores com roedores demonstraram que os engramas, ou padrões de células que armazenam memórias, se formam no hipocampo infantil, mas se tornam inacessíveis ao longo do tempo.

Memórias episódicas e a pesquisa

O estudo também se deparou com desafios ao examinar a atividade cerebral de bebês, já que mantê-los imóveis durante a ressonância magnética é praticamente impossível. Para contornar essa dificuldade, a equipe utilizou chupetas, cobertores e outros objetos para entreter os pequenos, enquanto os pais interagiam com eles do lado de fora do aparelho.

Os cientistas conduziram sessões de teste em 26 bebês, metade com mais de um ano e metade com menos. Durante a ressonância, apresentaram imagens a eles e, em seguida, mostraram duas imagens lado a lado para avaliar qual eles reconheciam. Ao medir o tempo que os bebês olhavam para as imagens, os pesquisadores conseguiram medir a memória deles.

A análise revelou que o hipocampo estava ativo na formação de memórias em 11 dos 13 bebês com mais de um ano. Aqueles com maior atividade cerebral prestavam mais atenção às imagens já vistas, confirmando que bebês são capazes de codificar memórias episódicas a partir de aproximadamente um ano de idade.

Desafios na consolidação da memória

Embora o estudo tenha mostrado a codificação de algumas memórias, ele apenas testou memórias de curto prazo. Ainda não está claro o que acontece com essas memórias ao longo do tempo. Elas podem nunca ser totalmente consolidadas em nosso armazenamento de longo prazo ou se tornarem inalcançáveis. Turk-Browne investiga atualmente se bebês conseguem reconhecer vídeos gravados do seu ponto de vista no passado, com resultados preliminares sugerindo que essas memórias podem persistir até os três anos.

A descoberta de que bebês desenvolvem a capacidade de codificar memórias ao longo do primeiro ano de vida abre novas vias para compreender a complexidade da memória em nossas vidas iniciais. Os fragmentos dessas memórias podem, quem sabe, ser reativados em estágios posteriores da vida, revelando um aspecto intrigante da evolução da nossa capacidade de recordar experiências.


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