Na última segunda-feira, 11 de setembro, o Brasil foi oficialmente reconhecido como um país livre da filariose linfática, comumente chamada de elefantíase. A entrega do certificado foi realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em uma cerimônia na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), localizada em Brasília.
O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, destacou a relevância da eliminação de doenças como parte de um esforço contínuo para romper o ciclo de pobreza que afeta a saúde pública. Em seu discurso, ele ressaltou que pessoas em situação de vulnerabilidade são mais suscetíveis a adoecer e que a ausência de cuidados amplifica a pobreza. A eliminação de doenças deve ser encarada como uma prioridade ética e moral.
Barbosa mencionou a necessidade de identificar as barreiras existentes que impedem o acesso à saúde e implementar novas estratégias com o objetivo de beneficiar a população. Ele fez referência a inovações em medicamentos, vacinas e a melhorias na organização dos serviços de saúde, buscando ampliar o acesso e a eficácia no atendimento.
Durante a cerimônia, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que a filariose linfática não apenas se origine das desigualdades sociais, mas também agrave essas condições. “Esse momento é tão especial”, afirmou a ministra, referindo-se ao impacto histórico da doença na vida das pessoas afetadas.
A filariose linfática é considerada uma das principais causas de incapacidade permanente em nível global. No Brasil, a doença era endêmica apenas nas áreas metropolitanas de Recife, incluindo cidades como Olinda e Jaboatão dos Guararapes. O último caso confirmado foi registrado em 2017. A doença é promovida pela infecção do verme Wuchereria bancrofti, transmitido pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus, com manifestações clínicas como edemas e acúmulo anormal de líquido nos membros.
Com a certificação recebida, o Brasil se junta a mais 19 países que também alcançaram a eliminação da filariose linfática como problema de saúde pública, incluindo Malawi, Egito e Bangladesh. Nas Américas, os países que ainda enfrentam a endemia da doença são República Dominicana, Guiana e Haiti, onde a OMS recomenda a administração em massa de medicamentos para interromper a transmissão.
Dados recentes da OMS indicam que, em 2023, 657 milhões de pessoas em 39 países vivem em áreas onde a quimioterapia preventiva contra a filariose linfática é recomendada. A organização tem como meta eliminar pelo menos 20 doenças tropicais negligenciadas até 2030.