O Barroco, movimento literário e artístico que emergiu entre os séculos XVI e XVII, é abordado em profundidade no vídeo “BARROCO: Resumo do contexto histórico, características e principais autores | Escolas Literárias”. O conteúdo explora sua origem, principais características e autores, tanto na Península Ibérica, especialmente na Espanha, quanto no Brasil.
Contexto histórico e características do Barroco
O período Barroco nasce em um cenário de grandes transformações e tensões. Eventos históricos marcantes como o apogeu e declínio das navegações portuguesas e espanholas, a Reforma Protestante e a Contrarreforma moldaram seu espírito. Este movimento surge em resposta ao Renascimento, que havia promovido o antropocentrismo, ou seja, a valorização do homem como centro das preocupações. A Igreja Católica, em reação, busca recuperar sua influência por meio da Contrarreforma, defendendo uma volta ao poder teológico e monárquico.
O resultado desse embate entre razão e fé foi um período marcado por dualidade e conflito. A estética Barroca carrega características de complexidade, tensão e um profundo sentimento de contrastes. Há também um retorno à espiritualidade, rejeitando o materialismo. O termo “Barroco” pode ter origem no italiano “barroco”, que significa “ruído” ou “ilusão”, ou ainda no formato irregular de uma pérola, metáfora para suas formas artísticas e literárias.
O Barroco na Península Ibérica: autores espanhóis
Na Espanha, dois autores se destacam: Luis de Góngora e Francisco de Quevedo. Ambos empregavam estilos que se tornaram marcas do Barroco: o cultismo e o conceptismo. Góngora trabalhava com antíteses e metáforas complexas, enquanto Quevedo explorava o jogo de ideias em sua obra. Esses estilos eram carregados de linguagem figurativa e temas densos, características que definem o movimento.
O Barroco no Brasil: Bento Teixeira, Gregório de Matos e Padre António Vieira
No Brasil, o Barroco começou por volta de 1601, com o poema épico “Prosopopeia”, de Bento Teixeira Pinto. A região Nordeste, especialmente por conta da prosperidade das plantações de cana-de-açúcar, tornou-se um centro cultural relevante para o movimento. Dois autores baianos ganham destaque: Gregório de Matos e Padre António Vieira.
Gregório de Matos, apelidado de “Boca do Inferno”, é conhecido por suas críticas ferinas e irônicas. Seus poemas satíricos atacavam a Igreja, os poderosos e até mesmo a Coroa Portuguesa, refletindo os conflitos sociais e espirituais do Barroco. Seu estilo cultista é evidente na utilização de metáforas e oposições.
Por outro lado, Padre António Vieira, jesuíta nascido em Salvador, é famoso por seus sermões e obras literárias. Vieira utilizava o conceptismo como ferramenta para persuadir seu público, explorando temas como fé e espiritualidade, ao mesmo tempo em que denunciava desigualdades sociais, como a situação dos indígenas, mulheres e escravizados. Mesmo enfrentando perseguições pela Igreja e pela Inquisição, Vieira viveu 89 anos, um feito raro para sua época.
Entre suas obras mais importantes estão os sermões “O Sermão do Jubileu”, “O Sermão de Bom Sucesso” e “O Sermão aos Peixes”. Essas obras são emblemáticas por refletirem a tensão entre o mundo espiritual e material.
Sugestão para aprofundamento: cinema e arte no Barroco
O vídeo sugere o filme “A Moça com o Brinco de Pérola” como uma recomendação para quem deseja compreender mais sobre o Barroco, especialmente no campo das artes visuais. O longa aborda a obra do pintor Johannes Vermeer e destaca a característica mais marcante desse período: o contraste entre luz e sombra.
O Barroco, em suas múltiplas expressões, continua a ser uma referência essencial para compreender os conflitos e transformações históricas, culturais e sociais que moldaram o mundo moderno.