Uma imagem em preto e branco revela o jovem Bergson Gurjão Farias ao lado de sua noiva, Simone, e sua irmã, Tânia, em Fortaleza. Anos depois, em uma foto colorida, Tânia e Simone repetem a pose, mas sem a presença de Bergson. Ele não aparece na segunda imagem porque foi morto em 1972, na Guerrilha do Araguaia, período marcado pela ditadura militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985.
As ausências provocadas por mortes e desaparecimentos forçados durante essa época são o foco de uma nova exposição em cartaz no Centro MariAntônia da Universidade de São Paulo (USP), no centro da capital paulista. Com entrada gratuita, a mostra foi inaugurada na noite de 31 de março, data que antecede os 61 anos do início da ditadura civil-militar no Brasil.
Chamada de Ausências Brasil, a exposição apresenta uma coleção de imagens do fotógrafo argentino Gustavo Germano, em colaboração com o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM). O projeto ilustra o impacto da ditadura em 12 famílias brasileiras, destacando as consequências do abuso de poder e da violência estatal, além de convidar à reflexão sobre as repercussões desses eventos na sociedade contemporânea.
A exposição Ausências Brasil estará disponível para visitação até 16 de maio. A primeira versão deste projeto, conhecida apenas como Ausências, foi lançada em 2007. Gustavo Germano buscou, através de paralelos fotográficos, retratar a “presença das ausências” de vítimas da ditadura argentina, que ocorreu entre 1976 e 1983.
Para mais informações sobre a exposição e sua relevância histórica, é possível acessar o site do Centro MariAntônia.