Reunião da Otan evidencia a necessidade de autonomia estratégica na Europa
Durante a recente cúpula da Otans na Haia, ficou claro que nenhuma potência mundial se consolidou sem depender de importações de armamentos. Para fortalecer sua posição global, os países europeus precisam decidir se querem transformar a União Europeia em uma potência militar e de influência internacional ou continuar dependentes dos Estados Unidos e internalizando divisões.
Indústria armamentista e desenvolvimento tecnológico na Europa
A história mostra que o progresso econômico, desde a Revolução Industrial, está estreitamente ligado à indústria de defesa. No futuro, é provável que olhemos para o nosso período como um tempo de barbárie, marcado pelo desperdício de recursos em armas em vez de cooperação e paz.
Potências militares historicamente se destacaram pela capacidade de desenvolver e exportar armamentos, o que depende de fatores como tecnologia, energia e indústria. Esses aspectos são atualmente preocupantes para a União Europeia e seu entorno estratégico.
Meta de gastos em defesa na União Europeia
Na recente cúpula da Otan, foi proposta uma meta de aumento nos gastos militares para 5% do PIB dos membros. Alguns países já anunciaram planos de aumento, enquanto outros adotam políticas de expansão gradual.
Os Estados Unidos lideram essa defesa do aumento, com declarações como as de Donald Trump, que criticou a dependência europeia do aparato militar americano. Esse posicionamento beneficia diretamente a indústria bélica dos EUA, maior exportadora mundial, aumentando o fluxo de recursos para a economia americana.
Para a União Europeia, aumentar os investimentos em defesa justificam-se como uma estratégia de proteção contra uma possível agressão russa e para apoiar a Ucrânia. No entanto, esses esforços também revelam desafios internos, como a falta de cooperação e a fragmentação dos projetos de defesa.
Desafios na cooperação e desenvolvimento de tecnologia na Europa
Um exemplo dessa fragmentação é a existência de três projetos diferentes para um avião de combate de sexta geração, envolvendo países como Itália, França, Alemanha, Espanha, Suécia, Japão e o Reino Unido. Essa divisão impede uma utilização eficiente de recursos e esforço de inovação.
Essa falta de união compromete a capacidade da Europa de liderar soluções em defesa, além de facilitar a transferência de recursos para indústrias dos EUA. Essa postura reflete uma posição precária internacional, incompatível com o tamanho econômico e a influência cultural da Europa.
Caminhos para maior autonomia na defesa europeia
Se os países europeus desejam alterar esse cenário, precisam fortalecer suas indústrias de defesa e investimento tecnológico, reduzindo a dependência de fornecedores externos, especialmente dos Estados Unidos. Assim, poderão ampliar sua influência global, promover integração interna e assegurar seus interesses estratégicos.
A cooperação mais eficaz e o entendimento de que a defesa deve ser uma responsabilidade comum são essenciais para que a Europa avance rumo à autonomia estratégica, garantindo uma posição mais forte no cenário internacional.