Lula e Macron fortalecem laços, mas o acordo UE-Mercosul enfrenta desafios
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à França recentemente e, até o dia 9 de junho, está engajado em uma série de compromissos ao lado de Emmanuel Macron. Esta colaboração visa expandir parcerias bilaterais e reforçar discursos em defesa do meio ambiente. Essa questão é particularmente importante para Lula, que este ano será anfitrião da COP30. No entanto, especialistas apontam que os avanços em um tema crucial, o acordo entre Mercosul e União Europeia, são incertos.
A relação entre Brasil e França sob a liderança de Lula e Macron se alinha em várias questões internacionais, desde a condenação aos ataques em Gaza até a regulação das grandes empresas de tecnologia. Ambos compartilham uma visão geopolítica que se torna ainda mais relevante com a nova ascensão de Donald Trump nos Estados Unidos. Isso cria um cenário onde, apesar da sintonia, o acordo Mercosul-União Europeia ainda representa um obstáculo nas relações entre esses líderes.
Desafios no acordo Mercosul-União Europeia
O consenso entre analistas é que o tratado entre os blocos é complexo e Lula enfrenta dificuldades para convencer Macron. O presidente francês tem que considerar o contexto político interno e teme o aumento da extrema direita na França e na Europa. O analista internacional Vinícius Vieira destaca que a liberalização do comércio com o Mercosul pode impactar negativamente sua base eleitoral.
Roberto Goulart Menezes, professor da Universidade de Brasília, reconhece que algumas barreiras foram superadas, mas a resistência francesa continua forte. O recente aumento das tarifas globais, impulsionado por decisões de Trump, recontextualiza a discussão sobre o acordo. As pressões de setores produtivos na França, especialmente os agricultores, e a crescente oposição da extrema direita dificultam a negociação.
Meio ambiente e diplomacia
Lula está focado em questões ambientais e busca oportunidades para fortalecer a diplomacia em temas como a transição energética e o mercado de carbono, especialmente em preparação para a COP30. A visita a Macron é vista como essencial, uma vez que as pautas ambientais são um ponto de convergência entre os dois líderes.
Ambos defendem o multilateralismo e uma ordem internacional mais justa. A agenda climática é o ponto imediato que os une, com Lula buscando construir alianças, especialmente na Europa, para aumentar a relevância da liderança brasileira no combate às mudanças climáticas. Especialistas já ressaltaram que o apoio francês é vital para as ambições relacionadas ao Acordo de Paris e à realização da COP30.
A colaboração entre Lula e Macron, embora promissora em várias frentes, ainda enfrenta a difícil realidade do acordo Mercosul-União Europeia, que precisa superar resistências internas e contextos políticos desafiadores.