A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, participa do acolhimento de indígenas refugiados da Venezuela no Brasil, desde o início das primeiras chegadas.
Até novembro de 2022, a entidade contabilizou 8 mil venezuelanos em busca de proteção em diversos estados brasileiros, principalmente em Roraima, Amazonas e Pará.
Além das respostas nas áreas de fronteira, a entidade acompanha a mobilidade desses grupos no país, buscando apoiar seus direitos e preservação cultural, bem como consolidar sua integração socioeconômica.
Mulheres da comunidade de refugiados indígenas Warao da Venezuela participam de uma sessão educacional sobre a Covid-19 no Brasil.
Etnias indígenas
Em sua maioria, os grupos indígenas refugiados são compostos por cinco etnias, sendo as mais representativas em termos populacionais a Warao, 70% do total e a Pemon, que soma 24%, seguidas pelas etnias E’ñepá, Kariña e Wayúu.
O Acnur apoia os migrantes com abrigos adaptados às necessidades culturais, como cozinhas comunitárias, redários para descanso e pernoite, espaços para promoção cultural e fornecimento de kits de higiene e de limpeza.
O modelo de convivência dos abrigos indígenas de Boa Vista, Pacaraima e Manaus foi estabelecido com base na participação dessa população, respeitado a auto-organização das etnias.
As equipes de gestão mantêm comunicação constante com a comunidade, incluindo reuniões como assembleias gerais com toda a comunidade.
Acompanhamento de grupos indígenas fora dos abrigos
Quem quer sair dos abrigos também pode contar com suporte socioassistencial e financeiro, e a efetiva participação nas decisões que precisam tomar.
A agência da ONU também atua com grupos acolhidos em comunidades indígenas Taurepang no Brasil, próximas à fronteira com a Venezuela.
Cerca de 1,2 mil pessoas contam com assistência que vão desde autonomia, dignidade e proteção ao acesso à documentação e à assistência social.
As iniciativas focam ainda em geração de renda, alimentos e engajamento das comunidades para fortalecer direitos comunitários e sociabilidade por meio do esporte.
Diálogos e escuta ativa
Em Manaus, o Acnur e parceiros têm o mapeamento de 700 indígenas refugiados. Os abrigos contam com intérpretes e antropólogos para acompanhar as necessidades específicas.
O grupo tem ainda material em sua própria língua como a Cartilha de Comunicação sobre Saúde com Indígenas, guias de serviços de saúde e conteúdo em áudio.
Os indígenas refugiados também têm um programa de valorização do artesanato tradicional como fonte de renda para a população indígena.
Segundo o representante do Acnur no Brasil, Davide Torzilli, as ações visam valorizar os conhecimentos tradicionais, garantir o acesso aos direitos e consolidar alternativas para sua autonomia, sempre com respeito às suas identidades e autodeterminação.
Assim, a agência busca garantir a preservação de suas identidades, assegurando sua autonomia e os saberes tradicionais como forma de promover o processo de integração local dessa população.