Uma discussão recorrente no mundo do tênis, desde que ele se tornou profissional, é a definição de quem seria o melhor de todos os tempos, o “GOAT” (Great of all times). Nos primórdios da profissionalização, já se discutia se era possível comparar as eras, uma vez que os campeões dos torneios Grand Slams, os abertos de Wimbledon, Roland Garros, Austrália e Estados Unidos, disputavam apenas a final no torneio do ano seguinte.
Há quem considere Rod Laver, um dos primeiros a se profissionalizar e ficar impedido de jogar os torneios do Grand Slam, que eram apenas para “amadores”, como o GOAT. O próprio Roger Federer, considerado por muitos especialistas como o melhor jogador que já entrou em uma quadra de tênis, tem como ídolo o australiano Rod Laver.
Na era profissional, alguns foram fortes candidatos a esse posto, como Pete Sampras, que foi o recordista de títulos de Grand Slams (14 ao todo) por muitos anos, tendo sido superado por Federer e, posteriormente, por Nadal e Djokovic.
Mais recentemente, a discussão se acirrou por conta da aposentadoria de Federer e declínio físico de Nadal, que tem enfrentado lesões seguidas. Nesse cenário, tem-se Federer com 20 títulos de Grand Slams, contra 22 de Nadal e 24 de Djokovic. Federer tem maioria de seus títulos em Wimbledon, o torneio mais tradicional, Nadal é o maior vencedor em Roland Garros e Djokovic, na Austrália.
Com a conquista da medalha de ouro por Djokovic nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, e seus títulos nos Grand Slams, ele se tornou o tenista com melhor estatística da história, mesmo com Nadal e Federer também ganhando ouro olímpico anteriormente.
Mas a pergunta continua: quem é o GOAT?
Se formos partir apenas das estatísticas, do número de semanas como número 1 do ranking e da quantidade de títulos dos torneios maiores, Djokovic seria o eleito. Mas é preciso pontuar alguns argumentos que equilibram a disputa com os outros dois.
O sérvio tem grande rejeição por parte dos torcedores de Nadal e Federer, por sua conduta considerada antidesportiva, recorrente nos jogos em que está perdendo e que interrompe com idas demoradas ao banheiro ou por solicitar atendimento médico sem contusão aparente. Muitos consideram que esse tipo de atitude é o equivalente à “cera” no futebol, uma forma antidesportiva de esfriar o jogo.
Mas a rejeição maior ao sérvio se refere ao seu comportamento durante a pandemia de Covid-19. Não só ele promoveu torneios extraoficiais, quebrando o isolamento adotado em todos os países, e que teve como consequência a contaminação de vários participantes, como também rejeitou a vacinação, sendo impedido de jogar um aberto da Austrália por apresentar um laudo médico falso, o que resultou em sua deportação daquele país.
Junte-se a isso a evidente falta de carisma do sérvio, se comparado com Federer e Nadal, que são exemplos de fairplay e de resiliência em quadra, e a balança a favor dele já não parece tão decisiva.
Em síntese, eu diria: se o GOAT é tão somente o tenista com melhores resultados e maior quantidade de títulos em grandes torneios, não há dúvida de que este é Djokovic. Se para ser o GOAT formos considerar mais do que os números, incluindo o exemplo, o carisma e o talento e habilidade natural, Federer e Nadal são maiores do que o sérvio.
Como o torcedor tem esse nome porque torce os fatos a seu favor, ou a favor de seus ídolos, qual seria a sua escolha do GOAT?S