Nos três primeiros meses do ano, os assuntos mais comentados giram em torno do reality Big Brother Brasil, e nessa 22ª edição até mesmo pautas sobre saúde estão ganhando repercussão fora da casa mais vigiada do País. A mais recente é o herpes, vírus altamente transmissível que está ativo no participante do reality Eliezer.
A ferida na boca – que dá indícios de ativação do vírus herpes simplex 1 (geralmente labial) – do participante começou a aparecer no mesmo dia em que foi realizada uma das festas semanais do programa. Eliezer e Natália se beijaram no quarto “grunge” e a preocupação maior dos brothers que presenciaram foi a transmissão que pode acontecer com o contato pelo beijo.
Na ocasião, a ex-participante Maria, que estava envolvida com Eliézer, quando soube do beijo, afirmou que não sentia ciúmes do envolvimento de Eli com a rival Natália, mas estava preocupada com a transmissibilidade do vírus. Durante o programa, o apresentador Tadeu falou sobre herpes explicando que a produção estava tomando todos os cuidados.
Mas não foram os cuidados com a transmissibilidade que a internet viu acontecer nos dias após o beijo. Eliezer e Natália se envolveram até mesmo sexualmente no reality, o que não faltou comentários dentro e fora da casa. O MovNews conversou com o professor de Ciências Biológicas do Ifes Venda Nova do Imigrante, Fabiano Costa Santiliano, que nos explicou sobre os riscos da doença.
“O herpes é uma doença que é causada por um grupo de vírus da família Herpes simplex. Existem dois tipos principais, o 1 e 2. Essas infecções que provocam essas bolhas na região dos lábios, são causadas pelo herpes simplex 1. O 2 está mais associado a área genital que afeta mais os órgãos genitais masculino e feminino. Os dois tipos têm uma sintomatologia muito parecida, formam essas bolhas que surgem e desaparecem entre cinco a 12 dias dependendo do sistema imunológico do indivíduo contaminado”, explicou.
Fabiano afirmou que o tipo 1 é o mais comum porque afeta entre 80 a 90% da população, então boa parte das pessoas tem esse vírus incubado, que pode aparecer em qualquer parte do corpo, porém, é mais frequente na boca por existir uma predileção pela região da mucosa, mas existem casos desenvolvidos em outras partes como o rosto e pescoço. Em todas elas, a razão da manifestação tem os mesmos motivos.
“O herpes vai se manifestar em algumas situações específicas. Se a pessoa tiver uma baixa imunológica, resfriado ou gripe, se está em situação de estresse, depressão, ansiedade. Quando o indivíduo que tem o vírus se expõe com muita frequência a radiação solar, acaba ativando o vírus. Nas mulheres, é muito comum que a ferida apareça no período menstrual”, relatou.
Sobre o brother com herpes no BBB 22l, o professor explicou que a produção do programa deveria colocar participante em isolamento no período em que o vírus está ativo no corpo.
“Se a pessoa está com a doença manifestada tem que isolar os talheres que ela vai utilizar, não utilizar a mesma toalha de rosto, não compartilhar produtos de higiene pessoal, maquiagem e outros. Porque se surgiu a bolha significa que a transmissão está em seu modo mais ativado. Então o correto é isolar tudo que a pessoa vai ter contato. Boca e gotículas de saliva transmitem o vírus. O ideal é a pessoa com herpes ficar o mais longe possível do outro e tomando todos os cuidados até passar os 12 dias, se a ferida secar não tem mais perigo”, acrescentou.
Consequências do herpes
Segundo o professor de biologia, geralmente o herpes não tem outras consequências além da ferida. A primeira vez que a ferida aparece pode causar um pouco mais de incômodo. Por outro lado, se a infectada for gestante, os cuidados precisam ser redobrados.
“Com relação a gestantes, o cuidado é maior porque não atravessa a barreira placentária, mas no caso se a mulher tiver herpes genital, pode ser transmitido para o bebê no parto, aí tem os cuidados especiais porque pode causar má formação, entre outros problemas, mas para a população em geral, não tem gravidade”, disse.
Fabiano ainda nos contou que se a pessoa contrair o herpes, o vírus não se manifestará de imediato, pois tem essa característica de ficar adormecido. No entanto, o ideal é que se faça o possível para evitar transmitir ou ser transmitido pela doença.
“Independente da gravidade, é uma doença e se é transmitida precisamos fazer de tudo para evitar. Não sabemos a natureza do nosso organismo e como vai se comportar. Por mais que uma doença não pareça grave, quem garante que ela não pode agravar, quem garante que o vírus não pode sofrer uma modificação e causar um dano maior? Quem garante que uma pessoa com a imunidade mais fraca não vai ter um problema mais acentuado? Então o ideal, independente se é grave ou não, é evitar a contaminação”, afirmou.