O papa Francisco, que inicia nesta quinta-feira (2) viagem ao Chipre e à Grécia, pretende apelar à situação dos migrantes nas fronteiras da Europa e contrariar a relutância dos países sobre a entrada de pessoas, apesar dos apelos do Vaticano. O número de migrantes que chega ao Chipre aumentou 38% nos primeiros dez meses do ano, em comparação com 2020.
O papa deve abordar a questão da migração, assim como da divisão do Chipre, quando chegar hoje à Nicósia para a primeira etapa de uma visita de cinco dias. A viagem também prevê uma visita à ilha grega de Lesbos que o papa já visitou em 2016 tendo, na época, promovido a transferência, por meio do Vaticano, de um grupo de refugiados sírios.
O papa Francisco vai organizar uma nova transferência de migrantes esta semana: cerca de 50 que se encontram no Chipre foram identificados e vão viajar para a Itália, disseram autoridades cipriotas. O Vaticano não descartou que “alguns migrantes” que se encontram em Lesbos também possam ser transferidos para a Itália após a visita do papa.
Na cidade de Nicósia, Francisco vai permanecer na Nunciatura Apostólica, localizada na zona tampão controlada pelas Nações Unidas. A ilha de Chipre encontra-se dividida desde a invasão da Turquia em 1974, sendo que apenas o governo de Ancara reconhece a República Turca do Chipre do Norte.
Em mensagem divulgada hoje e que marca os 70 anos da Organização Internacional das Migrações, o papa insistiu que os refugiados são pessoas que merecem tratamento digno, tendo se referido igualmente à situação dos migrantes que se encontram nas fronteiras entre a Bielorrússia e a União Europeia.
“O debate sobre a migração, na realidade, não é sobre os migrantes“, disse Francisco.
“É lamentável o fato de os migrantes estarem sendo usados como moeda de troca, como peões num tabuleiro de xadrez, vítimas de rivalidades políticas“, acrescentou.
*Por Agência Brasil