Gabriel estava agora na frente da turma. Ele tinha cerca de 1,72 m, era negro, com cabelos cacheados pretos, olhos castanho-claros e um sorriso tão doce que seria capaz de trazer alegria até à pessoa mais desiludida do mundo. Ao lado de Bernardo, era o crush da maioria das meninas.
— Bom, não sou muito bom com apresentações, mas espero fazer o meu melhor — disse Gabriel, com uma voz tão cativante que todos se sentiram imediatamente encantados. — Meu nome é Gabriel Gonçalves Cardoso. Daqui a uma semana e meia, farei 16 anos, no dia 17 de fevereiro, mas por enquanto, assim como os outros, ainda tenho 15. Se não me engano, sou de Aquário, mas teria que confirmar com alguém.
— Tá certo – disse alguém rapidamente.
— Tá certo? Que bom. Agora, sobre mim: adoro música, sei tocar vários instrumentos, mas meus favoritos são piano e guitarra. Também toco baixo, violão, teclado e bateria. Escrevo minhas próprias músicas, amo fotografia e gosto de caminhar na praia, principalmente à noite, para ver as estrelas.
Todos sorriram ao ouvir Gabriel, que agradeceu educadamente aos colegas por terem escutado. Em seguida, Gabriela foi à frente para se apresentar.
— Olá, meu nome é Gabriela…
— O QUÊ? — gritaram quase todos na sala (com exceção de Laura, Rafael e Dmitri), surpresos, o que imediatamente irritou Gabriela e sua irmã, que sabiam muito bem o motivo daquela reação.
— Você é a Gabriela? Eu jurava que você era a Laura — disse um colega, e os outros concordaram.
— Vocês são idiotas, isso sim — resmungou Rafael.
— Pelo amor do Primeiro Irmão! Sei que nossos rostos são parecidos, mas de resto somos diferentes!
— Não, vocês não são não — responderam os alunos em uníssono.
Dmitri revirou os olhos, incapaz de acreditar que o destino do mundo — e seu objetivo de finalmente conseguir morrer — estava nas mãos daquelas crianças.
— Tá bom, vocês são definitivamente burros — disse Rafael, assim como as irmãs, já estava cansado daquela palhaçada. Ele simplesmente não entendia como, sendo cego, conseguia diferenciá-las, enquanto aqueles idiotas que enxergavam não.
— Eu, por exemplo, tenho cabelos pretos e longos; já minha irmã tem cabelos curtos e pretos com algumas mechas brancas. Eu não uso óculos, enquanto ela usa. Ela está com uma jaqueta preta com detalhes brancos, e eu estou com um casaco azul-claro com pequenas luas desenhadas.
A turma olhou para Gabriela e depois para Laura, como se estivesse processando aquelas informações e verificando se eram verdadeiras.
— Não, vocês são iguaizinhas.
Gabriela revirou os olhos, lutando para não surtar.
— Quer saber? F***-se. Meu nome é Gabriela Santana Lua, tenho 15 anos, nasci em Vila Velha no dia 2 de junho de 2009, sou de Gêmeos e sim, eu sei, irônico, né? Gosto de meditar, ler, tenho uma ótima intuição e minha cor favorita é azul-prateado. Ah! E tenho uma coruja de estimação chamada Ganimedes.
Gabriela voltou ao seu lugar, ainda frustrada e sem entender como seus colegas podiam ser tão idiotas.
— Obrigado pela apresentação rápida, Gabriela. Próximo! E, por favor, parem de enrolar — isso é só uma apresentação, não uma entrevista.
Giovanna foi à frente, mas estava mais interessada em suas cartas do que em se apresentar. Por isso, assim como Gabriela, sua fala foi bem curta. Para o alívio de Dmitri
— Meu nome é Giovanna Ribeiro Soares, tenho 15 anos, sou de Virgem com Mercúrio como planeta regente. Nasci no dia 1º de setembro de 2009, em Pedra Azul. Gosto de cartomancia, tocar flauta e chá de laranja com mel.
Giovanna voltou à sua mesa, mas não sem antes passar por Gabriela e deixar cuidadosamente um bilhete dobrado em sua carteira. Curiosa, Gabriela abriu o papel, que dizia:
“Me encontre no intervalo, no jardim das laranjeiras e limoeiros. Preciso te falar algo importante.
P.S.: Sim, é confidencial ao ponto de eu não usar o celular para isso. Aliás, é melhor você não levar o seu.”