Após Bernardo se sentar, Caio foi para a frente da sala. Ele tinha cabelos loiros prateados — ninguém sabia se eram naturais ou não —, olhos cinza que sempre pareciam alheios a tudo ao seu redor e altura por volta de 1,74 m. Caio ficou cerca de dois minutos em completo silêncio, olhando para o nada, o que não surpreendeu seus colegas, mas não deixou de ser desconfortável, principalmente para o professor Dmitri.
— Ele está no mundo da lua? — perguntou Dmitri, já sem paciência e com vontade de acender um cigarro, mesmo estando em sala de aula.
— Sim, o Caio sempre foi assim — respondeu Giovanna, com um sorriso no rosto, enquanto tentava brincar com seu baralho de Tarô. Ela adorava o quão desligado do mundo Caio era.
— Pelo amor do Primeiro Irmão! — Mesmo sendo professor há muito mais tempo do que gostaria de admitir, Dmitri ainda não tinha paciência com adolescentes. — CAIO!
O grito tirou Caio de seus pensamentos. Ao perceber que estava na frente de todos, ficou confuso.
— O que eu vim fazer aqui mesmo? — perguntou, olhando para o professor, que já estava irritado.
— A apresentação, maluco. Por acaso, você está chapado? — gritou Vitor lá do fundão.
— Ah… Me desculpe, não percebi que… Enfim, acho que devo começar logo — Caio tossiu para se recompor e falou — Bom, meu nome é Caio, mais especificamente Caio Carvalho Duarte. Assim como quase todo mundo aqui, tenho 15 anos. Segundo minha irmã Rita, sou de Câncer, com forte ligação com a Lua. Afinal, nasci no dia 18 de julho de 2009. Ah, e sou daqui de Vitória mesmo. Quanto aos meus hobbies, meu pai é soprador de vidro e tem seu próprio estúdio, então desde cedo aprendi a fazer arte com vidro. Não no nível profissional dele, mas o básico eu sei. Também pratico esgrima em uma escola de um conhecido da minha mãe, tenho um coelho e adoro observar a Lua. Ela é tão bonita…
— Obrigado, Caio – cortou o professor – Acho que já foi o bastante. Agora vamos para o próximo, que é o Davi.
Davi se dirigiu à frente enquanto Caio voltava para sua mesa, continuando a viajar em seu mundinho.
Davi tinha cerca de 1,75 m, cabelos loiros escuros e lisos, olhos azuis e uma aparência de quem acabara de acordar — o que não era mentira, já que, até pouco antes, ele dormia na carteira até ser chamado por Dmitri.
— Bom, eu – fez uma breve pausa e retomou – me chamo Davi. Meus sobrenomes são Ramos Melnik. Sou meio soviético-ucraniano por parte de pai, mas nasci em Vila Velha. Meu aniversário é dia 12 de março de 2009, mas não sei p**** nenhuma de signo.
— Você é de Peixes — responderam Giovanna, Caio, Gabriela e Vitor em coro.
Davi apenas revirou os olhos e disse:
— Tanto faz. Sobre mim… bom, gosto de dormir, de jogar videogame, sei uma coisa ou duas sobre acrobacias e ginástica, mas no geral prefiro ficar em casa a sair.
A apresentação de Davi se resumiu a isso. Ele voltou ao seu lugar e imediatamente começou a cochilar. Em seguida, Felipe foi à frente, e muitos já ficaram preocupados se daria tempo de todos se apresentarem.
Felipe tinha pele morena muito bronzeada e bem cuidada, cabelos castanho-claros cacheados, olhos marrons e cerca de 1,69 m de altura. Além disso, trazia sempre estampado no rosto um sorriso brilhante e confiante.
— Olá, meus queridos amigos! Sei que, mesmo me conhecendo, vocês querem ter a honra de saber mais sobre mim. Mas não os culpo. Afinal, alguém tão incrível como eu desperta muitas curiosidades.
Nesse momento, Dmitri estava com a cabeça baixa e as mãos no rosto. Se antes já se arrependia dessa ideia, agora era oficial: ele definitivamente precisaria de um cigarro depois da aula.
— Bom, eu nasci para abençoar este mundo no dia 19 de agosto de 2009, então, sim, tenho 15 anos e sou de Leão. Meu nome completo é Felipe Moura Coelho. Sobre mim, há milhões de coisas que eu adoraria falar, mas, como seu humilde servo, decidi seguir o roteiro e não me alongar.
Isso fez muitos suspirarem de alívio.
— Bem, adoro colecionar itens e objetos dourados, pois é minha cor favorita. Também amo arte em vidro, graças ao meu querido amigo Caio. Adoro ir à praia e odeio o escuro. Nada que não seja brilhante como ouro merece ser considerado bonito ou valioso.
— Tá… ok. Vamos para o próximo, que é o Gabriel – cortou o professor na expectativa das apresentações acabarem logo.